segunda-feira, 1 de março de 2010

Entrando nos trilhos


"Metrô do Cariri" - O VLT que anda nas linhas da RFFSA no Ceará: por fora, parece um trem europeu; por dentro, é igual a um ônibus

Leonardo Coutinho

Nos últimos 25 anos, grandes cidades brasileiras cogitaram adotar veículos leves sobre trilhos (VLTs) para resolver seus problemas de transporte coletivo. Netos dos velhos bondes, os VLTs são um misto de metrô e ônibus, com a diferença de que custam a metade do primeiro e transportam quatro vezes mais passageiros que o segundo. Há dois anos, os projetos de implantação do sistema começaram a sair do papel no Nordeste. Desde dezembro do ano passado, os VLTs trafegam no sertão cearense, nos 14 quilômetros que ligam Crato a Juazeiro do Norte. Recife, Fortaleza e Maceió estão adaptando suas malhas ferroviárias e têm VLTs já em linha de montagem. João Pessoa e Natal iniciarão as obras de seus sistemas ainda neste ano. No Nordeste, o custo de implantação do novo modelo de transporte é reduzido, porque os comboios vão circular sobre linhas que pertenciam à Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e que estavam subutilizadas ou abandonadas. No litoral paulista, Santos construiu novas vias e deverá colocar o VLT para rodar ainda neste ano.

A Copa de 2014 deu o impulso que faltava ao VLT. Todas as doze cidades-sede incluíram esses veículos em seus planos para o campeonato. Em São Paulo, o novo sistema terá duas funções: ligar o Aeroporto de Congonhas ao Estádio do Morumbi e conectar algumas linhas do metrô, como ocorre em Paris. Até o início dos jogos, o Brasil investirá 23 bilhões de reais em trens urbanos - com o VLT à frente. As indústrias ferroviárias já receberam encomendas de 120 veículos e disputam licitações para montar outros 200. O mercado é tão promissor que o gigante francês Alstom, detentor de 26% do mercado mundial de trens, passou a cogitar abrir, no Brasil, uma unidade para fabricá-los. "Se as perspectivas se confirmarem, abriremos a nova planta", diz Philippe Delleur, presidente da Alstom no Brasil. Desde 2008, uma empresa nacional explora o setor: a cearense Bom Sinal. Foi ela a primeira a produzir VLTs próprios para as linhas da RFFSA. Seus vagões são uma versão mais barata dos similares europeus: por dentro, são idênticos a um ônibus urbano, mas custam 40% menos que um veículo importado. Por causa das condições vantajosas que oferece, a Bom Sinal já recebeu encomendas de 69 vagões e pedidos de orçamento de cinquenta prefeituras. Com os VLTs, o país poderá voltar aos trilhos de um transporte eficiente.


Matéria publicada na revista Veja, Edição 2153 / 24 de fevereiro de 2010

2 comentários:

Célio Ferreira Facó disse...

Este trenzinho tão ágil, tão leve, tão útil, tão mais barato!

Muito ajudaria como solução dos transportes urbanos.

Mas, a ver pela nossa experiência em Fortaleza e no Ceará, com esta Prefeitura Municipal e Governo Estadual que temos, saía ele tão lerdo, tão pesado, tão caro, tão fora do tempo.

Quem não viu os buracos nunca fechados do tal metrô?

Antes dos próximos dez anos, não estaria pronto para levar ninguém daqui para bem aqui.

Não será por muitas outra coisas que querem todos comprar já um carrinho em prestações a vigorar ainda quando já estiver bem gasto o tal carrinho.

Anônimo disse...

Dr. Lúcio,
Por que você não manda uma carta para a revista Veja mostrando a verdade, já que tudo pode ser provado para que a verdade prevaleça.
Lúcia Teixeira