segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Vazias II

Quais seriam as causas desse esvaziamento eleitoral? A explicação demanda estudos que ficam a cargo da academia.

Creio que uma das razões está no desdem pela política, alimentado por uma imprensa tagarela que valoriza a informação de interesse dos políticos profissionais em detrimento de análises que convidem as pessoas à uma maior reflexão e envolvimento com ela.

O fim da guerra fria, a queda do muro de Berlim, o esmaecimento das ideologias, levaram a uma certa homogeinização partidária que eliminou o risco de mudanças drásticas quando diferentes partidos se alternam no poder.

A indiferença do eleitor decorre da consciência que têm de que as mudanças de governo pouco ou nada interferem em seu dia a dia e portanto julga desnecessário votar. As pessoas dependem cada vez menos dos governos e de seus humores.

Por outro lado, a pressão da sociedade sobre os governos prescinde cada vez mais dos partidos políticos, para se exercer através de grupos de interesses, organizados em torno de associações, sindicatos e organizações não governamentais, de crescente protagonismo.

No Brasil, de vez em onde, ouvem-se vozes pregando o voto facultativo. Sempre me posicionei contra essa alteração da lei. Considero que em um país tão diverso, geográfica e culturalmente, e com tantas desigualdades sociais, como o nosso, o voto é mais que um direito, um dever de cidadania.

Ao longo da evolução de nossa legislação foram incorporados ao colégio eleitoral contingentes excluidos nos pródromos da nação, pobres, mulheres, analfabetos, jovens, praças de pré, ensejando a todos a participação na escolha de seus representantes.

Exigências progressivas no processo de votação não afastaram os eleitores das urnas, desmentindo previsões de crescimento das ausências em razão da proibição de recompensas e facilidades, oferecidas por partidos e candidatos, para captação de votos.

O percentual de votos nulos e brancos, muitos por imperícia na hora de votar, demonstra que os brasileiros de modo geral exercitam seu direito ao sufrágio contribuindo para conferir maior legitimidade à escolha dos governantes.

2 comentários:

Anônimo disse...

Governador, sua análise parece contaminada pelo viés corporativo. Você cita diversas causas para o problema, mas esquece a mais alegada pela população: a qualidade moral média da classe política.

Lúcio Alcântara disse...

Você tem razão quanto à omissão. Não decorre de preocupação corporativa. Foi um lapso mesmo, talvez por considerar o argumento muito óbvio.Seu comentário foi oportuno e contribui para reparar minha falha.