sábado, 31 de janeiro de 2009

Fé II

A campanha, nos moldes de Londres, já chegou à Espanha, ameaçando desembarcar em Lisboa.

A resposta não tardou. Deus existe, ou não, conforme o autocarro que se tome...

A organização católica E-Christians, colocou em autocarros, que partem da zona central de Madri, a frase de Gandhi: Quando todos te abandonam Deus fica ao teu lado. O representante da entidade responsável pela divulgação da mensagem, diz que não se trata de uma guerra contra os ateus, mas sim de demonstrar que não há identificação com uma única confissão religiosa.

O Cardeal de Madri, em homilia, declarou que, como católicos amamos todos os homens, incluíndo os que dizem não acreditar em Deus.

O fato de uma campanha ateísta ganhar as ruas, incitando as pessoas a não acreditar em Deus, aproveitar a vida, livre de preocupações metafísicas, e adotar uma atitude hedônica de gozo da felicidade de circunstâncias, revela a face nova de um dilema que acompanha o homem desde sempre. Ergue-se uma frente de contestação, não a uma religião, mas a todas religiões teístas.

As disputas motivadas por questões religiosas, e que têm levado a humanidade a grandes tragédias, ganham, agora, um aspecto diferente. A questão levada ao debate público nas ruas, é sobre crer ou não crer. Não se trata de proselitismo de um determinado credo.

A impressão que fica é de que os modernos ateus emprestam à sua militância uma espécie de caráter missionário, empenham-se como novos cruzados neo iluministas, a braços com uma ação civilizadora da humanidade. Como se descrer fosse algo fundamental para a vida do homem.

Afinal, em que crêem os que não crêem?

Crer, ou deixar de crer, não é uma questão de opção pelo autocarro que se toma. Tudo depende do sentido em que se caminha na estrada de Damasco.

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