domingo, 8 de junho de 2008

Abertura

Há dez anos, a Biblioteca Lenin, de Moscou, a maior da Rússia e uma das mais importantes do mundo, abriu seu Arquivo Especial. Era a seção secreta, destinada às obras e informações censuradas pelo Governo. Com o fim do regime comunista, boa parte retornou às prateleiras, permitindo o acesso do público.

Os funcionários da biblioteca, para atender a especialistas e permitir consultas ao público em geral, organizaram a publicação Túmulos não esquecidos, cujo oitavo volume acaba de ser lançado.

Livros estrangeiros eram raros na Rússia. Ainda assim, os poucos que chegavam eram mantidos cautelosamente longe dos curiosos.

Na Biblioteca Lenin, a seção que contém as fichas dos livros estrangeiros interditados é enorme. Nem os brasileiros, mesmo de esquerda, escaparam. Mofaram nos arquivos, Agildo Barata, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Moniz Bandeira, Fernando Henrique Cardoso, Celso Furtado e muitos outros.

Por determinação de Lenin, cada cidadão deveria ter uma biblioteca acessível a pelo menos quinze minutos de caminhada de casa. Está aí a explicação para as 115 mil bibliotecas espalhadas pela Rússia. Na contramão, o Estado dizia o que você podia ler.

Zelosos funcionários e caprichos do destino, salvaram livros condenados, que após a abertura política tornaram-se acessíveis aos leitores.

Saiba mais em O Globo, edição de 24/05/08.

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