quinta-feira, 27 de março de 2008

Ferroviária

Em recente entrevista concedida à TV O POVO, o Governador do Estado, orgulhoso, afirmou que no Brasil há mais de vinte anos não se fabricavam vagões de trem, o que agora ocorre no Ceará, fazendo-o pioneiro dessa indústria, após longo intervalo recessivo.

Governar é, também, fazer história. Daí, julgar-me na obrigação de revelar como se deu a retomada da indústria ferroviária. Não falo do Brasil, cuja situação não conheço, mas do Ceará, onde o fato aconteceu por decisão minha, quando governava o Estado.

A indústria Bom Sinal estabeleceu-se no município de Barbalha, para atender contrato de fornecimento das cadeiras do estádio Castelão, então em reforma, no período administrativo anterior ao meu.

Preocupado com a deterioração do transporte ferroviário de passageiros na região metropolitana, determinei a reconstrução de vagões, para oferecer mais conforto aos usuários. Foram contratadas obras em 18 vagões, sendo entregues, em meu Governo, 14 deles, todos climatizados, modernos e confortáveis.

Por ocasião do deslocamento dos mesmos para Fortaleza, participei de uma bela festa no município de Cedro, no Dia do Ferroviário. Em outra data, entreguei simbolicamente os vagões à população, em passeio que empreeendi junto com assessores, da estação João Felipe até Antônio Bezerra.

Certo da conveniência de estender o transporte ferroviário de passageiros, determinei ao Secretário de Infra-estrutura, Luis Eduardo, que realizasse estudos para colocar trem de passageiros no interior, a começar pelo trecho Juazeiro-Crato.

A Assembléia Legislativa cearense já havia aprovado mensagem, de minha iniciativa, ampliando a área de atuação do Metrofor para todo o Estado. Valorosa equipe de técnicos, liderada pelo engenheiro Rômulo Fortes, desenvolveu projeto de engenharia civil, para a via, e mecânica, para o Transporte Rápido Automotriz(Tram), espécie de vagão auto-propelido, que se revelou econômico e viável.

Concluído o projeto, passou-se à licitação para a contratação das obras da via permanente e dos dois trens, cada um com dois carros. O custo foi, em números redondos, de R$ 10 milhões para as obras civis e R$ 4 milhões para os trens.

As estações ficaram a cargo das prefeituras municipais do Crato e de Juazeiro. As obras e a construção dos trens foram iniciadas, tendo eu a oportunidade, como Governador do Estado, de visitar o canteiro e a fábrica.

Com o advento do novo Governo, os trabalhos foram paralisados e retomados depois de algum tempo.

O projeto, que deve muito à competência de técnicos cearenses, difere das soluções ortodoxas da engenharia ferroviária, pela funcionalidade e baixo custo, o que viabiliza sua implantação em grande escala.

Por isso mesmo tem atraído a atenção de administradores públicos, técnicos em transporte ferroviário e instituições financeiras, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social(BNDES).

Quem sabe, amanhã, consolida-se na simpática Barbalha um polo industrial ferroviário.

Coube a mim semear, mas não colher. Não há colheita sem semeadura.

A continuidade administrativa promove o progresso e o desenvolvimento.

Mais sobre este assunto:
Trem do Cariri ligará Crato a Juazeiro

5 comentários:

Anônimo disse...

Governador,

O Ceará fabrica carros de passageiros para trem mas o metrô de superfície de Fortaleza continua a ser um sonho.

Quantas campanhas políticas para prefeito e governador já não foram realizadas tendo como uma das âncoras do(s) então candidato(s) o já velho e tão propalado metrô que teima em ser construído a passos de tartaruga. Já se vão mais de 10 anos e ... nada.

Em outras capitais como Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre (citando apenas as que têm população semelhante à de Fortaleza) funcionam e suas linhas continuam sendo expandidas aumentando cada vez mais seu raio de atendimento à população.

José de Freitas

Anônimo disse...

Esse CID GOMES pisa feio na bola. Pensa que pode faltar com a verdade e não exista alguém para desmascarar suas inverdades. Parabéns Dr. Lúcio, não só pela visão de reativar os trens mas também por trazer à tona a VERDADE.
Coisa feia CID GOMES.....

Anônimo disse...

Parabéns pela iniciativa de reativer os trens de Fortaleza e do interior!
Vc realmente semeou muito, e com certeza ainda há muito a colher.

Anônimo disse...

Dr. Lúcio,

Tenho falado e aqui volto a repetir: esse governo Cid deveria colocar tapete vermelho à sua passagem. O que seria dele se não tivesse tido um governo competente e cheio de realizações antes dele? O que seria de nós, cearenses, se Cid Gomes tivesse tido um antecessor vaidoso e fútil como ele, que "só pensa em luxo e riqueza", tal qual a rival da Amélia de Ataulfo Alves?

Mas ele é um pobre coitado! Desconhece o quanto o engrandeceria usar um pouco de humildade e reconhecer os méritos alheios. Não tem noção do quanto a pessoa cresce junto com aquele em quem reconhece os justos méritos.

Mas, é querer muito, né? Cabeça pequena não comporta ações de grandeza de espírito e de desprendimento.

Seria bom que as viagens de jatinho fretado à Europa pudessem propiciar-lhe um pouco de verniz de civilização a seu estilo tosco e obscuro de agir. E em contrapartida, talvez até o fizesse enxergar que, como prega de maneira jocosa o Faustão, "não se pode fazer na vida pública o que se faz na privada". Ou seja, o recurso público não pode ser usado em proveito próprio, às custas de um povo sofrido como o nosso.

Cris

José Sales disse...

Dr. Lucio. Esta história de atual Governador sempre querer os louros de qualquer ação para si, já está virando piada. Daqui a pouco, vão inventar que o próprio Estado do Ceará foi "inventado" pela família Ferreira Gomes e "esta invenção" comuçou por Sobral. Em tempo: a indústria metro-ferroviária vai bem obrigado. Agora há pouco acabei de visitar os parques industriais da IESA, em Araraquara e da BOM SINAL, em Botocatu, que por sinal, receberam imensas encomendas do METRO SP e CPTM