Quando a lua cheia luminosa
Cruza flutuando a abóbada
celeste
E sua luz, brilhando
intensamente,
Põe-se a brincar no anil do
horizonte;
Quando suavemente o rouxinol
Começa no ar o seu gorjeio
sibilante
Quando o anseio da flauta de pã
Plana acima do pico da
montanha;
Quando, contida, a fonte da
montanha
Torna-se torrencial e inunda o
caminho,
E a floresta, acordada pela brisa,
Começa, farfalhando, a se agitar;
Quando o homem expulso por
seu inimigo
Volta a tornar-se digno de seu
país oprimido
E o enfermo privado de luz
Volta a ver o sol e a lua;
Oprimido também, vejo, então,
a bruma da tristeza
Se dissipar, desfazer-se e logo sumir;
E a esperança da vida boa
Faz o meu coração se abrir!
E, arrebatado por uma
esperança assim,
Sinto júbilo n'alma e meu
coração bater em paz;
Mas será autêntica tal
esperança
Que me foi mandada nestes
tempos?
Poema sem título de Josef Stalin ( como Soselo), escrito antes de 1912, extraido do livro " Young Stalin". Tradução de Nelson Ascher. "Folha de S. Paulo", edição de 13/10/07.
Como pode um tirano assassino, como Stalin, escrever algo tão belo?
Domingos Carvalho da Silva, poeta, e orientador da tese de mestrado de minha mulher Maria Beatriz, costumava dizer, advertindo: "Poeta não tem compromisso de ser bom caráter".
Cruza flutuando a abóbada
celeste
E sua luz, brilhando
intensamente,
Põe-se a brincar no anil do
horizonte;
Quando suavemente o rouxinol
Começa no ar o seu gorjeio
sibilante
Quando o anseio da flauta de pã
Plana acima do pico da
montanha;
Quando, contida, a fonte da
montanha
Torna-se torrencial e inunda o
caminho,
E a floresta, acordada pela brisa,
Começa, farfalhando, a se agitar;
Quando o homem expulso por
seu inimigo
Volta a tornar-se digno de seu
país oprimido
E o enfermo privado de luz
Volta a ver o sol e a lua;
Oprimido também, vejo, então,
a bruma da tristeza
Se dissipar, desfazer-se e logo sumir;
E a esperança da vida boa
Faz o meu coração se abrir!
E, arrebatado por uma
esperança assim,
Sinto júbilo n'alma e meu
coração bater em paz;
Mas será autêntica tal
esperança
Que me foi mandada nestes
tempos?
Poema sem título de Josef Stalin ( como Soselo), escrito antes de 1912, extraido do livro " Young Stalin". Tradução de Nelson Ascher. "Folha de S. Paulo", edição de 13/10/07.
Como pode um tirano assassino, como Stalin, escrever algo tão belo?
Domingos Carvalho da Silva, poeta, e orientador da tese de mestrado de minha mulher Maria Beatriz, costumava dizer, advertindo: "Poeta não tem compromisso de ser bom caráter".
4 comentários:
É isto. Afirmam alguns biógrafos que Cícero, o monstro sagrado do Senado Romano, era um grande mau caráter. Na Academia Brasileira de Letras, um dia desses dois grandes poetas andaram trocando farpas. Quase trocaram tapas, mas a idade já não os permitia tal desatino. Foram parara nas barras dos tribunais. Um acusava outro, entre outras coisas, de ser maucaratismo.
Barros Alves
DA ALMA HUMANA quem pode achar, compreender as chaves? Ainda agora apenas tateiam a psicologia, psiquiatria; os autores divergem. Na justiça, os grandes, terríveis crimes, com dificuldade os atribuímos aos seus autores. No outro extremo, é, não raro, a humanidade capaz da abnegação, do perdão, do sacrifício da própria vida pelo próximo. Vejam-se Jesus Cristo, Mandela, os milhões de exemplos anônimos. Entre os políticos, irritam-nos sempre a ambigüidade, fingimento, mentira com que, às vezes, os surpreendemos; ao contrário, preferimos, honramos os representantes que se mantêm coerentes, não abandonam as batalhas. Daqueles sobejam exemplos no cenário atual do País, desde um ex-torneiro mecânico, tornado Presidente, cujo governo notabiliza-se pelo viés mais que neoliberal, conservadoríssimo. E, entretanto, em cada um, desde sempre estavam lá no passado, numa reação, numa expressão, imperceptíveis até que irrompam, explodam à superfície os GERMES da espantosa mudança. Nestes de Stalin, noto algo sombrio como a ditadura bolchevique, a nomenclatura soviética na seguinte passagem: “Contida... a fonte torna-se torrencial... inunda... E a floresta... começa... a se agitar...; o homem expulso... volta...” Foi um equívoco o Estado soviético; não é um equívoco a necessidade de ser moral, ético.
Dr. Lúcio,
Dizem que todos nós trazemos ao nascer as sementes do Bem e do Mal. É uma questão de livre arbítrio escolher qual caminho tomar.
Considero muita condescendência acusar Stalin somente de mau-caráter. Acredito que ele ultrapassou a fronteira do Mal e mergulhou fundo nas trevas, marcando com milhares de cadáveres a história da humanidade. Suas atrocidades serão lembradas por séculos, enquanto vida houver sobre a Terra.
Diante desta manifestação poética dele, só nos resta lamentar que, em sua opção pelo Mal, tenha enterrado seu talento e sufocado sua sensibilidade. Talvez sua arte não o tivesse levado à fama, mas com certeza teria evitado seu ingresso na galeria dos grandes fascínoras.
Não nego que o poeta tem, em essência, os mesmos pecados e defeitos comuns aos mortais. Mas ele usa a palavra como ferramenta de sua criação, não armas. Ele escolhe a poesia como instrumento de catarse, jamais vidas.
Por isso, acredito que o poeta Stalin foi o primeiro cadáver do tirano Stalin.
Cris
ACHO QUE AQUI NO CEARÁ TEM UM PERSONAGEM MUITO PARECIDO COM STALIN...É AQUELE POLÍTICO QUE SE ACHA "DONO DO CEARÁ" E QUANDO UM CORRELIGIONÁRIO CONTRARIA SUAS VONTADES OU IMPOSIÇÕES,ELE,O PSEUDO "DONO DO CEARÁ"TRATA LOGO DE DESTRUI-LO A QUALQUER PREÇO, MESMO USANDO DE UMA DESCARADA FALTA DE ÉTICA E TODOS OS MEIOS QUE TIVER A SEU ALCANCE.VOCÊS SABEM DE QUEM ESTOU FALANDO?
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