quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Homenagem a Vinicius e Nava

Balada de Pedro Nava I - Vinicius de Moraes

(O anjo e o túmulo)

I
Meu amigo Pedro Nava
Em que navio embarcou:
A bordo do Westphalia
Ou a bordo do Lidador?

Em que antárticas espumas
Navega o navegador
Em que brahmas, em que brumas

Pedro Nava se afogou?

Juro que estava comigo
Há coisa de não faz muito
Enchendo bem a caveira
Ao seu eterno defunto.

Ou não era Pedro Nava
Quem me falava aqui junto
Não era o Nava de fato
Nem era o Nava defunto?…

Se o tivesse aqui comigo
Tudo se solucionava
Diria ao garçom: Escanção!
Uma pedra a Pedro Nava!

Uma pedra a Pedro Nava
Nessa pedra uma inscrição:
“- deste que muito te amava
teu amigo, teu irmão…”

Mas oh, não! que ele não morra
Sem escutar meu segredo
Estou nas garras da Cachorra
Vou ficar louco de medo

Preciso muito falar-lhe
Antes que chegue amanhã:
Pedro Nava, meu amigo
DESCEU O LEVIATÃ!

Marcos Vinicius da Cruz de Mello Moraes, ou Vinicius de Moraes (Rio de Janeiro, 19 de outubro de 1913 - Rio de Janeiro, 9 de julho de 1980) - Além de poeta, foi compositor, letrista, jornalista, dramaturgo e diplomata. Um dos mais conhecidos e lidos poetas brasileiros. Foi um dos responsáveis pela modernização da música brasileira através da Bossa Nova, ao lado de músicos como Antônio Carlos Jobim, Carlos Lyra e Baden Powell.

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