Leio,
consternado, a notícia de que um procurador da república foi assaltado enquanto
praticava os seus exercícios matinais e que, após forte pressão psicológica dos
criminosos, foi obrigado a entrar no lago do Jacarey, em Fortaleza, enquanto
seus pertences eram roubados. O desejo dos bandidos era de levá-lo para casa
para promover um “arrastão”, com consequências que são difíceis de imaginar.
O nível de
violência em nosso estado é assustador, dando, cada vez mais, provas de que
estamos perdendo a guerra no combate ao crime. O jornal O Povo noticiou, em
07/05/13, que nos quatro primeiros meses deste ano as estatísticas acumulavam o
incrível número de 873 assassinatos a tiros na Grande Fortaleza, com provas
incontestes da banalização da violência e da completa falência da política de
segurança pública em nosso estado.
Os
responsáveis por essa política argumentam a violência tem aumentado em todo
Brasil, convenientemente esquecendo que um dos principais compromissos do atual
governador foi com “uma nova estratégia de fazer polícia”, com uso intensivo de
tecnologia avançada e interação social, a partir do Ronda do Quarteirão (veja
em http://www.ceara.gov.br/governo-do-ceara/projetos-estruturantes/ronda-do-quarteirao).
Se era essa
a proposta, vemos a falência do modelo. De acordo com o relatório “Mapa da
Violência”, do Instituto Sangari, o Ceará apresentou, em 2006, uma taxa anual
de homicídios menor do que a média nacional, com 19,4 mortes por cem mil
habitantes. Em 2012, a falta de uma política de segurança efetiva colaborou
para que esse índice mais que dobrasse, atingindo a marca de 40,0 mortes por
cem mil habitantes, como pode ser visto no gráfico a seguir:
Gráfico: Ceará – Taxa de homicídios por 100
mil habitantes
2006/2012
Fonte:
Secretaria de Segurança Pública do Estado do Ceará
Em 2012
foram praticados 2.286 homicídios dolosos no Ceará, tendo esse tipo de
violência crescido a impressionante taxa de 12,8% ao ano, superando a média
nacional. Essa tragédia é sempre justificada com desculpas, como a falta de
alternativas efetivas de combate às drogas ilícitas, mas o fato é que
cometeu-se um enorme equívoco ao priorizar os aspectos de marketing da política
pública de segurança, em detrimento do aumento de efetivo, de sua preparação e
de estratégias integradas com as políticas de educação e assistência social.
O programa
Ronda do Quarteirão foi elaborado para uma campanha eleitoral, sem o conteúdo
necessário para se tornar uma política pública. De forma completamente errada
tentaram dar continuidade à farsa, com a priorização dos vistosos carros
importados e dos caros “Segways”, com uma clara demonstração da falta de
substância do programa. Atualmente, soma-se a ausência de capacidade de gestão
e a falta de foco na política de segurança.
A violência
cresce no vácuo gerado por esse modelo equivocado. O governador poderia ter a
humildade de reconhecer a sua incapacidade de lidar com esse problema e
solicitar a ajuda federal, pois vivemos uma situação caótica, com riscos
crescentes.
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