sábado, 23 de março de 2013

Navios

Viagens de navio sempre tiveram uma tradição de elegância. Há toda uma atmosfera de glamour desde as longas travessias estreadas pelos primeiros transatlânticos.

É certo que por último o prestígio dos cruzeiros marítimos nessas cidades flutuantes anda um tanto abalado por surtos de infecções a bordo, naves a deriva, panes de serviços e até naufrágios de modernas embarcações.

Mesmo as tragédias náuticas alimentaram histórias cheias de mistério, heroismo, amor e infortúnio, conteúdos de episódios vividos pelos passageiros transformados em livros, filmes e exposições que ainda hoje despertam interesse das pessoas mundo afora.

O Titanic é o maior símbolo dessa elegância trágica. Um desastre que virou cult.

A forma como aquele ícone do poder e da técnica desmanchou-se ao encontro de um iceberg colocou o homem diante de suas limitações e provocou uma mitologia em torno do acidente que não para de despertar curiosidade.

Fala-se do menu do último jantar, dos acordes da orquestra que embalava casais românticos em trajes de gala e também do desespero dos náufragos, do egoismo de uns, da generosidade de outros, do tumulto que ajudou a escuridão do mar gelado a tragar muitas vidas.

Ainda agora o jornal O Globo, edição de 16/03/13, nos dá conta de que irá a leilão um violino que pertenceu ao violinista Wallace Hartley o qual teria tocado com seus companheiros no deque do Titanic numa tentativa de acalmar os passageiros. O instrumento foi recuperado dez dias depois junto ao corpo de seu dono.

O mar resolveu comemorar de maneira dramática o centenário do afundamento do lendário navio. O Costa Concordia, luxuoso e moderno navio, afundou nas costas da Itália num surpreendente fracasso da tecnologia provocado pela desídia humana.

Pois bem a nova tragédia marítima também possui seu violino. Um violinista húngaro, Sandor Feher, 38 anos, já de colete salva-vidas, resolve voltar para sua cabine para buscar seu violino. Ele era um dos músicos que trabalhava na embarcação para entreter os passageiros. Antes de se tornar um dos 11 mortos no desastre foi visto ajudando muitas crianças a vestirem coletes salva-vidas.

O mar foi o túmulo desses instrumentistas mortos apegados aos seus violinos dos quais extrairam as últimas notas que fizeram o fundo melódico da catástrofe.

Saiba mais no jornal O Estado de São Paulo, edição de 19/01/12







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