A decisão dos sócios do Mercosul de suspender o Paraguai e aproveitar-se disso para admitir a Venezuela pode ter sido uma trapalhada diplomática praticada se não sob a liderança do Brasil pelo menos com sua conivência.
O argumento usado para suspender o país vizinho é uma cláusula democrática que vincula os países do grupo. A destituição do presidente Lugo, pela celeridade com que se deu, teria sido um golpe parlamentar caracterizado pelo cerceamento de defesa do mandatário paraguaio.
Chama atenção o abandono, e isolamento político, de Lugo que obteve em seu favor, no Senado e na Câmara dos Deputados, um, ou pouco mais que isso de votos.
Resignado teria acatado o resultado só mais tarde insurgindo-se contra isso.
Os interesses brasileiros naquele país são relevantes. Basta citar Itaipu, que gera 15% da energia consumida no Brasil e o grande número de brasiguaios responsáveis por boa parte da produção agrícola do Paraguai.
A Venezuela aguardava há alguns anos a anuência dos sócios para ingressar como membro pleno do bloco. Restava a aprovação paraguaia, empancada no Senado, óbice ainda não superado.
Lembro que a aprovação pelo parlamento brasileiro não foi tranquila. Arrastou-se por um bom tempo.
A suspensão do Paraguai, até a realização de eleições presidenciais, ensejou a oportunidade para que os outros três sócios, Brasil, Argentina e Uruguai, admitissem a Venezuela sem a chancela do país suspenso.
O governo uruguaio, esteve dividido quanto à essa decisão. O Ministro das Relações Exteriores mostrou-se contra. O Presidente José Mujica disse que sobre o aspecto jurídico prevaleceu o político.
Se o que aconteceu no Paraguai não foi um exemplo de ato democrático a Venezuela não prima por respeitar direitos individuais, liberdade de expressão e decisões da justiça.
Há anos, quando era Deputado Federal, integrei uma comitiva de parlamentares brasileiros em visita ao Paraguai, a convite da oposição, para avaliar a conjuntura política do país então sob a ditadura de Alfredo Stroessner.
Foi quando pude sentir a importância da embaixada brasileira perante as instituições e lideranças políticas daquele país. Um posto pequeno, mas de grande importância estratégica para nós, que requer sempre à sua frente um diplomata experiente.
Algum tempo depois o governo brasileiro foi surpreendido pela queda do ditador sem que nosso embaixador houvesse percebido a iminência do acontecido. Não sei se agora teria ocorrido o mesmo ou se nosso governo alertado não tenha emprestado importância aos avisos.
Fato é que nosso Ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, teve que deixar às pressas a Rio+20 para correr atrás do prejuízo no nosso vizinho.
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