quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Renascimento

O Renascimento Italiano, movimento de renovação nas artes, na economia, nas ciências e em tantas outras áreas, ocorrido entre os séculos XIV e XVI, costuma ser apresentado como marco inicial da modernidade.

Um triunfo do ocidente sobre as trevas e o obscurantismo mental da Idade Média.

O antropólogo britânico Jack Goody, 91 anos, empenha-se em desmontar essa versão em seu mais recente livro, "Renascimento: um ou muitos?" lançado em 2010 e que agora sai no Brasil pela editora Unesp.

Para o autor a singularidade do Renascimento Italiano foi fabricada pelos europeus desconhecendo contribuições árabes, da China e da Índia.

O "monopólio" renascentista italiano teria sido construido a partir do livro do suiço Jacob Burckhardt "A cultura do Renascimento na Itália" (1860).

Entre outros argumentos invoca o uso pioneiro do papel pelo Islã no século X, quando na Europa ainda se escrevia com cera ou couro. Da mesma forma que sete séculos antes de Gutenberg a China já conhecia prensas com blocos de madeira.

Sem negar a contribuição europeia Goody lembra outras civilizações que em certos momentos tiveram um olhar retrospectivo e deram um salto adiante.

A exclusividade na revolução renovadora desencadeada pelo Renascimento Italiano, quando omite contribuições de outros povos, sugere, segundo ele, "uma superioridade falaciosa, quase racista em relação ao resto do mundo".

Encanta-me ver um nonagenário ainda com fôlego para meter a colher num vespeiro cultural desse porte !

Saiba mais em O Globo, edição de 21/01/12, caderno Prosa e Verso.
    

Um comentário:

Anônimo disse...

Um novo Renascimento ocorre agora, sob nossas vistas, com a revolução tecnológica. A transição da idade média para a contemporânea durou alguns séculos e criou ícones do pensamento e das ciências como Voltaire, Montesquieu, Rousseau, Galileu, Campanella, Maquiavel, dentre tantos.

A diferença é que o de agora não dura nem décadas mas passa em velocidade astronômica e não se mede nem em passos largos mas sim em zeptômetros. Naquele, foi possível consolidar o pensamento, discuti-lo, contestá-lo, aprimorá-lo. No de hoje o que se tem a fazer é estar preparado para aprender tudo de novo amanhã. Nunca na história da humanidade tudo foi tão etéreo.

Kilmer Castro