quinta-feira, 16 de junho de 2011

Imagem e conteúdo

A foto de uma criança recusando-se a cumprimentar o General Presidente Figueiredo foi instituída como um símbolo da resistência ao regime representado pelo seu condestável.

32 anos depois o jornal O Estado de S. Paulo localizou a garota de então, hoje a sra. Rachel Clemens, com 36 anos ,formada em comércio exterior atualmente trabalhando como designer.

Diz-se que uma imagem fala mais que mil palavras. No episódio em análise não foi bem assim. A menina de então, informa a sra. Rachel, foi a um desfile cívico militar no Palácio Tiradentes integrando um grupo de estudantes.

O tio era um militar que servia no SNI. Ao tentar falar com o Presidente Figueiredo tudo que queria era mostrar prestígio junto aos coleguinhas da escola. Ouvira a noite em casa que o pai iria jantar com o presidente.

Como qualquer criança ela puxou as calças de Figueiredo, após passar entre muitas pernas, recusou-se a atender a solicitação dos assessores para apertar sua mão.

O que ela queria era dar o seu recado tendo travado com o presidente o seguinte diálogo :

-Você sabia que meu pai vai almoçar com você hoje?
-E ele come muito?
-Come
-Então não vai sobrar nada para mim
-Não vai mesmo. Agora tenho que ir para o Cirandinha (nome do jardim de infância em que ela estudava)

Aí está como uma menina desembaraçada conseguiu furar o bloqueio dos assessores para mostrar importância e dar seu recado a um presidente de difícil acesso.

Um impulso infantil, inocente como um desejo de criança, surpreendido por um fotógrafo profissional, acabou ícone da rejeição popular ao governo.

Saiba mais no jornal O Estado de S. Paulo, edição de 15/06/11