segunda-feira, 22 de março de 2010

Divisa

O jornal parisiense Combat, órgão da resistência durante a Segunda Guerra, editado por Camus e Sartre tinha a seguinte divisa:

Na guerra, como na paz, a última palavra é dita por aqueles que nunca se rendem.

4 comentários:

Célio Ferreira Facó disse...

Sociedade dos Poetas Mortos é um filme para mostrar a necessidade de resistir e não se render jamais.

Que felicidade se há os que não se rendem. São estes os que trarão novos dias, novos tempos.

Kilmer Castro, você se lembrou bem.

Aquele filme é feito para mostrar que é necessário resistir. E não só em poesia. Eu me emociono quando vejo aqueles meninos subirem nas suas carteiras em solidariedade ao professor injustiçado.

No Brasil, foi a resistência de uns que afastou, encerrou o golpe de 64.

Será a continuação da resistência agora que há de impedir o atraso para este Ceará, tão explorado pelos clãs desde o tempo das capitanias.

É preciso que haja oposição. Só ela nos salva.

Kilmer Castro disse...

Muito embora eu também considere que regras rígidas põem amarras à liberdade poética, também as julgo imprescindíveis, muito embora não ouse de mão própria defini-las.

É certo que a delimitação daquilo que é ou não poesia é tarefa mais afeita aos deuses que a nós, imperfeitos mortais.

Sinto calafrios ao ouvir letras e melodias de funk carioca, do hip hop americano, de algumas salsas caribenhas. Mas com que autoridade posso eu desdenhar de quem as aprecia?

Existe uma tendência universal de abertura ampla, de aceitação plena de tudo que se considera Direito. Esse respeito à liberdade é marca da modernidade e evolução do homem mas, cada vez mais, me parece que também será responsável pelo nosso declínio.

Daí encontrar-mo-nos frente a um paradoxo: precisamos de limites para garantirmos nossa verdadeira liberdade ou, noutro dizer, só seremos verdadeiramente livres se estivermos convenientemente contidos.

De novo: quem nos conterá adequadamente? quem definirá o que é belo e louvável?

Nessa esfera de raciocínio só posso considerar que Castro Alves e MC Brown são ambos artistas do mesmo calibre, o que não me parece razoável. Ou minha razoabilidade está permeada de preconceitos? Ou, (finalmente e antes que enlouqueça) meus preconceitos são a minha razão?

Célio Ferreira Facó disse...

Para refletir.

Não há deuses e provavelmente não há sequer O Deus. Só pobres mortais. Aqui e alhures.

A menos que chamemos deuses os grandes artistas, pois eles criam, inovam, dão vida.

Pode-se desprezar o que não é belo e para tanto basear-se alguém só no bom gosto, nos cânones.

Nenhum legislador deve dizer-nos o que é belo, mas é belo o que agrada e há nisso muito de subjetividade.

Há subjetividade até nas ciências, como o demonstra Karl Popper. Mas isto não as inviabiliza nem impede o lançar de uma nave para fora da atmosfera terrestre.

Há também a objetividade possível.

Outra é a questão da liberdade. Não é que precisemos de limites, mas eles estão dados desde o começo.

A liberdade existe e move-se entre exíguas paredes.

Um destino preside as vicissitudes de cada ser vivo, mas ele é o resultado de incontáveis variáveis, muito fora do alcance da caixola das cartomantes e de Paulo Coelho. Estes são apenas os aproveitadores da sombra em que preferem viver tantos.

Enquanto isso, melhor que se exerça a crítica sempre.

Kilmer Castro disse...

Se os limites estão postos desde o princípio, quem os pôs?

Qualquer raciocínio e mesmo a boa ciência chegará, invariavelmente, ao sobrenatural que é apenas aquilo que ainda não conseguimos explicar e aprisionar no mundo naturalístico.

Sem dúvida Deus está em algum lugar deste processo e dá razão a tudo. Veja-se, a exemplo, a norma fundamental de Kelsen que nada mais é que o próximo passo além do limite de sua capacidade humana de explicar. Tantos outros pensadores esbarraram na mesma fronteira. Alguns renderam-se a ela, outros resistem.

O exercício da crítica implica em convicções que estão cada vez mais escassas nestes dias. O bom e belo mistura-se ao vulgar e profano e não há quem os distinga.

Nenhum legislador deve nos dizer o que é belo? Alguém TEM que fazê-lo.

Tempos difíceis estes...