quinta-feira, 10 de maio de 2007

João Paulo II e Bento XVI


Ao ver pela televisão a chegada do Papa Bento XVI a São Paulo, recordei de imediato o encontro que tive com seu antecessor João Paulo II, juntamente com Maria Beatriz, quando de sua visita ao Brasil iniciada por Fortaleza. Foi emoção forte e inesquecível e ainda que rápido o contacto foi suficiente para sentir o impacto de sua força espiritual. Era de fato um personagem cheio de carisma, capaz de transmitir a quem dele se aproximasse muito calor humano.

Enquanto o atual Papa é um intelectual, um teólogo, um homem de gabinete, vigilante na observância da doutrina, seu antecessor era jovem, esportista, ator de teatro na juventude, alpinista, combatente do nazismo e do comunismo num país onde a igreja católica sempre teve importante protagonismo político.

Junte-se a isso sua vocação midiática e simpatia natural, que lhe asseguravam sempre importantes espaços na imprensa. Basta recordar sua marca registrada de beijar o chão de cada lugar que visitava.

A grande sensibilidade, a habilidade política de João Paulo II e sua enorme disponibilidade para viagens aproximaram o Papa dos povos mais distantes de Roma, instaurando um novo tipo de papado. Além de tudo, o atentado de que foi alvo marcou dolorosamente seu pontificado o que contribui para atrair para si mais solidariedade.

Mas, pode se perguntar: do ponto de vista do governo da igreja, quais as semelhanças e diferenças entre os dois?

É importante lembrar que o atual Papa serviu a João Paulo em importante cargo na cúria, Congregação para Doutrina e a Fé, o Santo Ofício, a partir de onde se combateu duramente a teologia da libertação, vista como desvio doutrinário, culminando com a punição de alguns de seus maiores expoentes, como, por exemplo, Leonardo Boff.

Também no seu pontificado deu-se a substituição da hierarquia da igreja por prelados conservadores hostis ou desvinculados das chamadas idéias progressistas. Em relação aos dogmas e doutrina foi também sempre muito conservador, nunca abrindo a guarda.

A diferença seria então mais de estilo e desempenho pessoal? Devo dizer que ao encontrar em Roma o Papa, quando a convite de D.Fernando, Bispo do Crato, acompanhei-o para conduzir a documentação que pede a reabilitação do Padre Cícero pelo Vaticano, falei um pouco com ele, em inglês, sobre o Brasil e o motivo da viagem, tendo sentido nele uma afetividade que a distância não sugere.

São impressões que deixo ao exame de vocês, cuja opinião gostaria sinceramente de conhecer.

2 comentários:

Anônimo disse...

A impressão que temos é que Bento XVI jamais alcançará a "santidade" de João Paulo II. Primeiro por causa da idade avançada, segundo por que não possui o dom natural de cativar as pessoas, o que João Paulo II tinha de sobra. Todo esse frisson em torno do atual papa se dá mais por sua notoriedade religiosa do que pela força das suas palavras. Aliás, nesse mundo de alta tecnologia, Bento XVI pode ficar falando sozinho, uma vez que o desenvolvimento científico aparta o homem dos mistérios da fé e conseqientemente de Deus.

Anônimo disse...

Acredito que, nesta visita ao Brasil, Bento XVI mostrou uma simpatia desconhecida pela maior parte do povo brasileiro. Ele transmitiu "boa vontade", carinho e atenção com o povo, mesmo que o seu estilo seja mais contido. Para mim, essa visita foi bastante proveitosa, pois mostrou uma maior proximidade da igreja católica com seus fiéis e, em contrapartida, mostrou ao Papa que nós somos um país de grande fé!