sexta-feira, 17 de abril de 2015


A GAROTINHA QUE NÃO QUIS CUMPRIMENTAR FIGUEIREDO

Birra. Esse foi o real motivo para a garotinha Rachel Menezes Coelho de Souza recusar o cumprimento de João Figueiredo (1979-1985), último presidente do regime militar. A foto do gesto rodou o mundo e virou símbolo do desgaste da ditadura no país.
Nascida em Juiz de Fora (MG), mas criada em Belo Horizonte, Rachel tinha cinco anos em setembro de 1979, quando Figueiredo fez uma viagem à capital mineira para lançar o carro a álcool.
O pai dela, à época no Departamento de Estradas e Rodagem, foi convidado para almoçar com Figueiredo, mas não pôde levar a família. No dia anterior à reunião, a garota já anunciara o desejo de falar com o presidente.
Pela manhã, a praça da Liberdade, em Belo Horizonte, foi palco de um comício, e a guarda de Figueiredo acabou autorizando a garota a chegar perto do presidente que dizia preferir o cheiro de cavalos ao cheiro do povo.
Rachel dizia aos amigos que não deu a mão ao ditador porque tentaram obrigá-la a fazê-lo. Após conversar sobre a gulodice do pai com o chefe da nação, ela saiu correndo, com medo de deixar a mãe brava.
A pose com os braços cruzados, marca registrada da menina, segundo a família, foi capturada pelo fotógrafo Guinaldo Nicolaevsky, morto em 2008 sem conhecer Rachel Clemens, nome com o qual ela se apresentava por causa da mãe, de origem alemã.
Infeliz com a carreira em comércio exterior, ela se formou em design gráfico e abriu uma empresa na área, em 2013. Morreu no sábado (11), aos 40 anos, após parada cardiorrespiratória. Deixa a mãe, a filha e um irmão.
Fonte: Folha de S. Paulo - 15/04/2015.

Esta foto ficou famosa reproduzida como se fosse um símbolo da resistência política ao governo militar que abrangia até crianças. Na verdade a atitude da menina não passou de uma pirraça infantil que contrariou as ordens que lhe deram. E só. Acompanhou o pai à reunião no Palácio da Liberdade por solicitação sua. Ao flagrar a recusa da criança em apertar a mão estendida do presidente o fotógrafo atento fixou uma imagem que acabou por representar um símbolo de resistência política. Um exemplo da força da simbologia.  

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