O Abstrato Humano
Piedade teria fim,
Se não fizéssemos pobres assim:
Misericórdia não nasceria,
Se todos partilhassem alegria
E medo mútuo traz a paz:
Até amor egoista crescer mais.
Crueldade então dá seu nó,
E espalha iscas sem dó.
Ela se senta com medo santo,
E irriga o chão com seu pranto:
A humildade então se enraiza
Sob seu pés. E viça.
Eis que do mistério a fronde espessa
Se abre sob sua cabeça;
E as Lagartas e os Mosquitos,
Mantêm o mistério nutrido.
Ele ostenta do engodo a flor,
Corada e de doce sabor:
E o corvo construiu seu lar
No seu mais escuro lugar.
Os Deuses do mar e da terra,
Buscam onde esta Árvore medra
Na natureza buscam em vão
Cresce uma no Humano Coração.
William Blake, do livro Canções da Inocência e da Experiência. Editora Crisálida. Tradução de Mário Alves Coutinho e Leonardo Gonçalves.
quinta-feira, 18 de abril de 2013
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