segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Apenados e familiares

O Supremo Tribunal Federal vem aplicando a lei para punir envolvidos no processo de desvio de recursos mediante a realização de operações bancárias simuladas numa ação que o país acompanha atentamente.

Compreende-se que a revelação dos fatos suscite a indignação popular. O limite disso é o respeito ao veredito do colegiado, que inclui a admissão de divergências pontuais entre os juizes e a aceitação serena das sentenças proferidas nas diversas instâncias de julgamento como assegura a lei. É assim que deve ser nos regimes democráticos onde o rigor da norma tanto condena como absolve.

Ir além disso é justiçar, e não fazer justiça. A ampla cobertura da imprensa tem exposto de forma clara os delitos cometidos e seus responsáveis sem poupar nomes ou posições hierárquicas. As punições inauguram no Brasil, sob aplausos, uma nova era de intransigência com a corrupção.

A compreensível ânsia popular pela condenação dos culpados pode levar a excessos indesejáveis que atinjam inocentes constrangidos publicamente em razão de parentescos com os acusados. Tal comportamento, de todo reprovável, pode atingir requintes de crueldade.

O Estado de São Paulo, edição de 01/11/12 traz uma matéria com o título "Operador blinda familiares e se isola" a qual narra o assédio que sofrem mulher e filhos de Marcos Valério em Belo Horizonte cidade onde vive a família.

Segundo o texto, o publicitário teria mesmo simulado separação da esposa no sentido de livra-la e aos filhos dos constrangimentos a que são submetidos na escola e na faculdade.

Um filho de 11 anos passou a sofrer "bullying" na escola, que não teve mais condições de frequentar, sendo que outros estabelecimentos se recusaram a aceita-lo como aluno "por ser filho de quem é". A filha, estudante de psicologia, estaria enfrentando algo parecido. Semana passada, deixou a aula de Ética I quando um professor anunciou que o tema seria o próprio pai.

Ao pai, o peso da lei ; aos filhos, respeito humano.

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