quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Biblioclastia

Quando regime ordenou, aos livros com sabedoria perigosa
Queimar em público, carretas os levaram às fogueiras,
E todos os bois foram forçados a faze-lo, mas
Um dos poetas perseguidos ao analisar, com cuidado,
A lista dos queimados, ficou estupefacto, pois seu livro
Fora esquecido. E foi voando com as asas da ira
a seu escritório e escreveu uma carta às autoridades.
"Queimem-me"!, escreveu com grande pesar. "Queimem-me"!
Não façam isso comigo! Não disse
Sempre a verdade em meus livros?
E agora me tratam vocês como se fosse mentiroso!
Ordeno: Queimem-me!

Die bücherverbrennung, de Bertolt Brecht, escrito logo após saber que seus textos foram destruídos.

Transcrito do livro História universal da destruição dos livros - Das tábuas sumérias à guerra do Iraque. Fernando Báez. Ediouro.

2 comentários:

Célio Ferreira Facó disse...

A CENSURA, outrora muito criminosa, fanática, incluía queimar livros incômodos, iconoclastas.

De vez em quando, muito assustada, cuidava para que se queimasse também os próprios autores.

Foi assim que se livrou, por exemplo, de Thomas Morus, que a representou como louca.

Hoje, não menos atenta, usa de métodos cada vez mais sutis.

Pode fingir que busca a reparação de direitos na Justiça. Ou a defesa da honra e imagem de alguém.

A isto recorreu, por exemplo, Roberto Carlos, para “queimar” uma biografia que lhe fizera um fã.

Uma rede de televisão, uma estação de rádio, um jornal, podem hoje mandar censurar, “queimar” um autor que se lhe mostre ácido, crítico demais com proibi-lo que apareça em seus programas, matérias, reportagens. Ou determinam que só apareçam eventualmente, numa situação pejorativa. É o que se chama “editar” uma matéria.

Eis o enorme, tremendo poder dos meios de comunicação, que precisam ser disciplinados, regulamentados. Ou pode conspirar contra a própria Democracia.

O Brasil ainda não dispõe de suficiente controle sobre a mídia, o que permite, por exemplo, uma Globo, cujos tentáculos estendem-se por rádios, jornais, televisão, correio eletrônico, revistas.

Até quando?

Unknown disse...

Ao Célio Ferreira Facó: já estava com saudades de seus lúcidos e inteligentes comentários. Sobre o poder da mídia veja pesquisa divulgada hoje no ex-blog do César maia.

INTERNET E CELULAR PASSAM TV NO USO DOS JOVENS!

(outro canal - Folha SP, 26) A TV já não é considerada o item mais importante do dia a dia para a população jovem (de até 34 anos), segundo resultado de pesquisa feita pelo Ibope sobre hábitos de consumo de meios de comunicação. Para a faixa etária de dez a 17 anos, o computador com acesso a internet é o aparelho mais relevante (com 82% no ranking de prioridade), seguido pela TV (65%) e telefone celular (60%). Dos 18 aos 24 nos, o líder do ranking passa a ser o telefone celular (78%), com computador ligado à rede (72%) e TV (69%) em sequência, o que tem pequenas diferenças em relação ao próximo grupo, dos 25 aos 34: celular (81%), TV (73%) e computador (65%). Na média geral da população, a TV fica na liderança da pesquisa, com 77% de preferência.

www.cesarmaia.com.br
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