quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Getúlio

Acabei de ler Getúlio - Dos anos de formação à conquista do poder, de meu amigo Lira Neto.

Gostei bastante do livro. O estilo é agradável, é muito informativo, esclarece episódios nebulosos da vida de Vargas e é bem documentado. Não foge das questões polêmicas inevitáveis em uma biografia tão rica como foi a de Getúlio.

O ciúme despertado em alguns historiadores é compreensível, o que não lhes concede o direito de reivindicar reserva de mercado em matéria cultural.

O livro não é elegíaco. Numa trajetória de sucesso como foi a dele o brilho pessoal é inevitável.

As hesitações, os vacilos, as tergiversações, as manobras que o autor revela, o companheirismo instável, são a expressão de uma personalidade ambígua que surfou no mar traiçoeiro da política com incomparável êxito.

Anotei no texto duas pequenas curiosidades:

1 - Nas diversas tentativas feitas em busca de um acordo com Washington Luis, Getúlio apresentou uma fórmula conciliatória para a sucessão presidencial. Sugeriu para presidente Estácio Coimbra, que presidia Pernambuco e para vice Matos Peixoto, que ocupava cargo idêntico no Ceará.

2 - Depois de tentar, sem êxito, outros nomes os líderes da revolução decidiram entregar o comando militar do movimento ao coronel Goes Monteiro, que exigiu para assentir inteira liberdade de ação, o que lhe foi concedido.

No comboio ferroviário que largou de Porto Alegre rumo ao Rio de Janeiro conduzindo a tropa e o estado maior da revolução, sob a presidência de Getúlio, Goes Monteiro acomodado em um dos vagões conduzia um gramofone com uma pilha de discos de óperas que animavam a viagem.

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