
A Cúpula Ibero-americana, reunião de Chefes de Estado e de Governo da Espanha, Portugal e de países de origem ibérica das Américas e Caribe, foi palco de incisiva intervenção do Rei Juan Carlos, impaciente, ao se dirigir ao presidente Hugo Chávez, da Venezuela, dizendo
" Por que no te callas ?".O venezuelano insistia em atacar, chamando, entre outras coi

sas, de fascista, o ex-Primeiro Ministro espanhol, José Maria Aznar, sem se deter diante da defesa feita pelo atual Primeiro- Ministro Zapatero.
Note-se que os dois espanhóis são antagonistas políticos, membros de partidos diferentes. O Presidente da Venezuela é conhecido por sua exuberância verbal e oportunismo midiático, que não considera costumes diplomáticos ou conveniências políticas.
No caso, de ampla repercussão internacional, parece ter ultrapassado, mais uma vez, o limite da tolerância. Terá sido isso que levou o Rei, pessoa reconhecidamente tranqüila, a se manifestar de maneira tão peremptória?
Lamentável um incidente como este numa reunião de alto nível, que tinha na agenda a proposta de criação de um Fundo de Coesão semelhante ao que existe na União Européia, destinado a apoiar o desenvolvimento dos países mais pobres.
Chávez sempre poderá explorar o episódio a seu favor, alegando um surto de autoritarismo aristocrático inspirado no passado colonialista.
De uma maneira geral, a manifestação do Rei foi compreendida, diante de alguém cujo voluntarismo não encontra limites nem diante de um fórum de governantes como aquele.
Na Espanha, apontam episódios recentes que acabaram levando involuntariamente a um protagonismo político do Rei, que pode acabar afetando sua imagem de Chefe de Estado.