sábado, 29 de dezembro de 2007

Viagem

Informo aos prezados amigos, que me prestigiam visitando meu blog, que, dia 25, à noite, viajei para Portugal, onde irei me demorar alguns dias.

Vou continuar postando, embora com uma freqüência menor. Tanto quanto possível, deverei acompanhar os acontecimentos brasileiros e cearenses, para não perder o costume.

Agora, já que superei a marca dos 20.000 acessos, minha responsabilidade aumenta. Pretendo fazer jus ao respeito e credibilidade ganhos com uma voz independente junto à comunidade.

Aceito sugestões para melhorar o blog, tornando-o mais atraente e vigilante, verdadeiro instrumento de prestação de serviço comunitário.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Parábola

"Tenho vivido entre os habitantes de Cédar, e minha alma foi estrangeira no meio deles".

Infra-estrutura

A divulgação dos projetos de infra-estrutura que o Governo do Estado pretende realizar nos próximos anos é reveladora. Mostra claramente que a maior parte dos projetos foi concebida, planejada, licitada, ou iniciada durante meu período de governo.

Algumas criminosamente obstaculadas pelo conluio de empresários e políticos, como é o caso das obras do terminal portuário do Pecém que já poderiam ter sido iniciadas há muito.

Financiamentos de agências nacionais e internacionais, alguns negociados, outros já contratados, no governo passado, asseguram meios para execução de obras de saneamento, rodoviárias, ferroviárias (olha aí o trem do Cariri), ecológicas, casas populares, equipamentos urbanos (saúde, educação,etc.), algumas delas já começadas por mim.

Que beleza receber um governo ajustado e em ordem!

Continuidade administrativa promove o progresso e o desenvolvimento.

Receita

A arrecadação do ICMS no Ceará, de janeiro a novembro deste ano, comparada com igual período do ano anterior, em valores corrigidos pelo IPCA/IBGE, foi 0,11% menor.

A frase do dia

A grande utilidade da vida é gasta-la em algo que sobreviva a ela.

William James

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Who's who



Você seria capaz de identificar, na foto publicada na primeira página do "Diário do Nordeste" de hoje, quantos seguranças acompanham o Governador em "despreocupada" caminhada na Praça do Ferreira?

Poder

Quem está no poder, corre o risco de pensar que o governo contém o mundo. Ao contrário, o mundo é que contém o governo.

Indicadores sociais

De 21 indicadores sociais aferidos pela PNAD (Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar), em 2006, em 15 deles o Ceará tem uma posição melhor que o Nordeste, ou o Brasil, ou ambos.

Quanto à melhoria de 2006 em relação à 2005, o Ceará avançou mais que o Nordeste, ou o Brasil, ou ambos, em 18 deles.

Descredenciados

O Ministério da Educação, por meio da Capes (Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), descredenciou 39 cursos de pós-graduação no País.

A Universidade Federal do Ceará contribuiu para a lista com três deles. A saber: Tocoginecologia e Ciências Farmacêuticas, ambos em nível de Mestrado; e Tecnologia da Informação e Comunicação na Formação em Ensino à Distância, Mestrado Profissionalizante.

Saiba mais no O Estado de S. Paulo, edição de 21/12/07.

Arrastão e ronda


Enquanto a Ronda de Quarteirão desfila em Fortaleza e Maracanaú (foto de Evilázio Bezerra, O Povo), exibindo os carros de luxo, bandidos fazem a festa, assaltando e promovendo arrastões no centro da cidade e Avenida Monsenhor Tabosa.

Sobre o desfile, um observador atento, postado na Avenida Beira Mar, anotou que a camionete de número 1048 desfilou três vezes. Um artifício infantil para fazer parecer que os carros eram mais numerosos do que de fato são... De truque em truque...

Fortuna


Segundo o jornal inglês "The Guardian", o Presidente Putin, da Rússia, teria acumulado uma fortuna de U$ 40 bilhões por meio de participações não transparentes em fundos escondidos na Suiça e no Liechtenstein.

Pensamento

Agredir fatos de domínio público é ofender o povo.

Pranto

D. Aloísio foi chamado por Deus para um Concílio no céu. Lá, entre outros amigos, vai encontrar Paulo VI e João Paulo II, e certamente continuar em outro ambiente o ministério que exerceu na terra.

Com a saúde minada por uma doença cardíaca que durou anos, e pode ter lhe tirado o papado, exerceu posições de relevo no governo da Igreja no Brasil, encerrando sua carreira como Arcebispo de Aparecida. Gaúcho de Estrela, franciscano, foi Bispo de Santo Ângelo, RGS, Secretário e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Presidente da Conferência Episcopal Latino Americana (CELAM), Arcebispo de Fortaleza, quando foi sagrado Cardeal.

Marcou a história da Igreja no Ceará por uma permanente atuação em defesa dos pobres e dos perseguidos. Foi um crítico contundente do regime militar e um corajoso paladino dos direitos humanos. Feito refém por presos de uma penitenciária, sua foto com uma faca sobre a garganta, correu o mundo falando da desumanização dos cárceres e do embrutecimento dos presidiários.

Com ele trabalhei de perto quando Prefeito de Fortaleza, inclusive nos preparativos para a memorável visita do Papa João Paulo II à cidade. Embora nunca tenha ouvido dele, creio que a convivência com nossa dura realidade social tenha tido grande influência na definição de seu perfil pastoral.

De seu grande valor humano e espiritual tive oportunidade de falar em livro que sobre ele organizou meu colega Marcelo Gurgel, e, recentemente, em depoimento para um filme em elaboração pela TV Aparecida. Cativou-me ainda pela forma carinhosa com que tratava minha mãe quando a encontrava, e depois acompanhando seu sofrimento durante longa enfermidade.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Riscos de campanha

Uma campanha eleitoral pelas características de que se reveste é cheia de riscos. Quem já participou de alguma, sabe do que falo. Há dois deles que gostaria de comentar. A ilusão eleitoral e a tentação eleitoral.

Da ilusão eleitoral ouvi o deputado Ulisses Guimarães falar para descrevê-la como mais poderosa que a ilusão amorosa. Não obstante tê-la identificado, o grande político sucumbiu à sua sedução. Lembram sua humilhante derrota como candidato à Presidência da República? Se algum dia a tive, perdi-a na última eleição ao ver se formar contra mim uma poderosa coalizão de forças políticas, econômicas e midiáticas, unidas pelo cimento do oportunismo e da traição.

Já a tentação eleitoral é o impulso que leva o candidato a fazer promessas mirabolantes no afã de angariar votos. Pode ser fruto da leviandade do candidato ou decorrer de conselhos de publicitários inconsequentes, adeptos, eles e o candidato, da máxima de que "feio é perder". Tal comportamento é extremamente danoso à democracia. Uma vez no poder, o eleito esquece o prometido por absoluta impossibilidade de cumpri-lo. A decepção dos eleitores gera o desengano que se traduz em frases como "são todos iguais", "é tudo a mesma coisa", "não tem um que preste", "se não fosse obrigado eu não ia votar", "só lembram da gente em tempo de eleição". Elas são a expressão da frustração das pessoas com os políticos, e a descrença de que o regime democrático possa contribuir para melhorar suas vidas. Daí é um passo para outra tentação, a autoritária.

Na última eleição, assistimos a manifestações explícitas de tentação eleitoral por parte do meu opositor. Afirmou que atenderia as reivindicações dos professores das universidades estaduais no primeiro dia de governo, acabaria com a violência e daria grandes aumentos salariais aos policiais e aos defensores públicos. E o que aconteceu depois de vitorioso e empossado? A violência aumentou significativamente, a polícia civil entrou em greve, os professores não voltaram às aulas e os defensores públicos, desiludidos das promessas, sussuram arrependimento.

A tentação eleitoral pode levar a vitórias, mas com certeza produz vítimas: o povo e a democracia.

Para a reflexão do domingo

Não chore, não se revolte. Compreenda.

Baruch Spinoza

sábado, 22 de dezembro de 2007

Emenda e soneto

O Diário do Nordeste, edição de hoje, traz matéria na qual informa sobre visita de surpresa que o Governador fez à Assembléia Legislativa, ocasião em que dialogou com deputados.

Dirigindo-se a um deles, deputado Augustinho Moreira, informou que a razão da transferência da TV Ceará, da alçada da Secretaria da Cultura para a Secretaria da Casa Civil, era a divergência insanável entre os dirigentes dos dois órgãos. Este é um caso típico de aplicação do brocardo popular: a emenda saiu pior que o soneto.

A decisão denota desarmonia na equipe e falta de autoridade. Revela ainda improvisação e ausência de planejamento. Na impossibilidade de restabelecer a convivência e a hierarquia, um dos dois titulares teria que ser exonerado. Foi o que teria ocorrido no caso da demissão do coronel Bessa do Comando da Polícia Militar.

No caso presente, em nome do litígio, segundo o Governador, sacrifica-se a missão institucional de um importante orgão de comunicação. Onde estava, a TV Ceará poderia cumprir relevante papel cultural de interesse público. Para onde vai, tem tudo para ser um braço político do governo. Pode até vir a ser a primeira televisão digital do Ceará, mas jamais será verdadeiramente pública.

Se quiser realmente atenuar essa expectativa negativa, o Governador bem que poderia, à semelhança do que ocorre na TV Brasil, instituir um conselho plural e uma corregedoria que seriam instâncias guardiãs da independência indispensável à uma televisão democrática e cidadã. A exigência cresce diante da nova vinculação hierárquica.

Prêmio

O projeto Talentos da Cultura, desenvolvido no meu governo para apoiar artistas das comunidades de baixa renda, financiado pelo Fundo Estadual de Combate à Pobreza (FECOP), classificado em terceiro lugar entre concorrentes do todo o Brasil, acaba de ganhar o prêmio Cultura Viva, instituído pelo Ministério da Cultura.

Antes, o projeto Cultura em Movimento - Secult Itinerante, classificado em primeiro lugar, havia recebido o mesmo prêmio.

Poesia

Natal

Na rede alva
De varandas largas
Deitei o sonho do menino
Embalado pelo
Devaneio do vento.
Na noite de Natal
O sonho morreu.
Papai Noel nunca apareceu,
Porque em casa
Não havia chaminé,
E as ruas da cidade
Não tinham a neve dos trenós.
Os que me mandavam presentes
Nunca souberam
Que os sonhos da criança
Valiam muito mais
Que as prendas de Natal.

Lúcio Alcântara

sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Bom senso

O bom senso, na madrugada em que o Senado acabou com a CPMF, se manifestou pela voz solitária do Senador Pedro Simon. Ele propôs que, face à carta enviada aos senadores pelo Presidente Lula dispondo-se a vincular o total do tributo aos gastos com a saúde, a sessão fosse suspensa para exame da proposta. A receptividade à sua idéia foi nenhuma.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Tratado de Lisboa


Os vinte sete países que integram a União Européia assinaram dia 17, em Lisboa, o tratado que reformula suas instituições. Espera-se com isso por fim a uma fase de preocupante paralisia que se instalou após a rejeição do projeto de constituição em plebiscitos realizados na Holanda e na França. As consultas foram suspensas para evitar que outras rejeições enfraquecessem a integração européia.

A idéia de consulta popular em cada país foi substituída pela proposta de submeter um novo texto exclusivamente aos parlamentos nacionais. Após longas negociações celebrou-se em cerimônia no mosteiro dos Jerônimos, em Lisboa, o novo tratado que reformula as bases institucionais da União Européia, aprofundando a integração entre os países membros.

Humor

Um banqueiro é alguém que lhe empresta um guarda-chuva quando o sol está brilhando, e o pede de volta logo que comece a chover.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Nova TV


Noticia a imprensa que o Governo estadual pretende transferir a TV Ceará do âmbito da Secretaria de Cultura para a Secretaria da Casa Civil.

A manobra tem um objetivo claro: manipular aquele órgão de comunicação, colocando-o a serviço dos interesses do Governo. É mais um exemplo de retrocesso democrático da atual gestão.

Querem transformar uma televisão educativa em televisão governativa. Ou falta quem explique a quem decide que uma coisa é TV pública e outra bem diferente é TV do Governo. Uma serve à sociedade. Outra ao Governo, ao poder.

No momento, o Governo Federal enfrenta críticas por estar criando a TV Brasil, vista pela oposição como instrumento de controle da opinião pública. Para amenizar a crítica, já foi criada uma corregedoria afim de evitar distorções, além de um conselho onde têm assento várias personalidades de destaque na comunidade.

Caso a medida se concretize, se não rejeitá-la, a Assembléia Legislativa do Estado do Ceará deve, no mínimo, emendá-la, acrescentando instâncias de controle que reduzam o risco de abusos.

(In)segurança

Homicídios e latrocínios
Guerra civil silenciosa já matou 928 em Fortaleza
Em relação ao ano passado, houve um crescimento no número de mortes em 21%, de acordo com as estatísticas.
Manchete de primeira página do jornal Diário do Nordeste, edição de 17/12/07.

É, realmente este ano a segurança viveu na idade da pedra...

Destinos populares


Entre os 150 destinos mais populares do mundo, Londres está em primeiro lugar, tendo recebido em 2006 15,640 milhões de visitantes. A segunda é Bancoc e a terceira, Paris.

O Brasil tem sete cidades no ranking, sendo o Rio de Janeiro a mais visitada, com 2,185 milhões . É a trigésima quinta colocada. Bem mais abaixo, pela ordem, vêm São Paulo, Salvador, Fortaleza, Foz do Iguaçu, Búzios, Florianópolis.

Fortaleza é centésima quarta da relação, com 503 mil visitantes. No contexto nacional, uma boa colocação. No plano geral, ainda há muito espaço para crescer.

Saiba mais no jornal Folha de S. Paulo, edição de 14/12/2007.

Poesia

Todos os caminhos - nenhum caminho
Muitos caminhos - nenhum caminho
Nenhum caminho - a maldição dos poetas

Manoel de Barros

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Segurança

Até que enfim o Ceará vai participar do Programa Nacional de Segurança e Cidadania (Pronasci), habilitando-se a receber recursos federais para ações de segurança. A admissão do Estado no Programa resulta de uma ação política bem sucedida da Prefeita de Fortaleza. Antes, estávamos excluídos por não integrarmos as áreas mais violentas do País.

No afã de receber o dinheiro, políticos levianos, na Câmara Municipal de Fortaleza e na Assembléia Legislativa do Estado do Ceará, acusaram meu Governo de ter falsificado dados para amenizar a situação da violência no Estado. Isto é, para conseguirem um dinheirinho a mais, forçavam a barra irresponsavelmente tentando, sem nenhuma consistência, mostrar um Estado pior do que já é...

O blog Pensando Segurança, do Laércio Macambira, desmascara os embusteiros quando revela que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirma os números de mortes violentas no Ceará. Mais verbas, sim; mais "mortes", não.

Saiba mais em O Povo, edição de 15/12/07.

Bons ventos


Começa a implantação de projetos em nosso litoral para geração de energia elétrica, a partir dos ventos velozes da nossa costa. Colhem-se, agora, ventos que ajudei a semear como senador da República, quando atuei na elaboração da legislação específica; e como Governador, quando defendi os interesses do Ceará, e a quota reservada à energia eólica, dentro do Programa de Financiamento à Infra-Estrutura (Proinfra).

No âmbito estadual, criei o Pró-Eólica, um programa de incentivos fiscais e de infra-estrutura, para implantação de parques eólicos no Ceará. Aliás, ainda dentro do estímulo à identificação de fontes alternativas de energia, firmei acordo com a Petrobras para desenvolver estudo sobre a geração de energia a partir das ondas do mar, em Pecém, no município cearense de São Gonçalo do Amarante. Proposta recentemente apresentada como de iniciativa do atual Governo.

Delta


Uma boa notícia é a informação de que, a partir do segundo semestre de 2008, a empresa aérea americana DELTA, passará a voar de Fortaleza para Atlanta, nos Estados Unidos.

Na verdade, é um absurdo ter que ir a São Paulo para, saindo daqui, chegar à América do Norte. Durante meu Governo, depois de gestões junto a várias companhias, conseguimos que a TAM fizesse o trajeto Fortaleza - Miami, com escala em Manaus.

sábado, 15 de dezembro de 2007

Itália

Pesquisa recente revelou que os italianos se consideram as pessoas menos felizes da Europa ocidental. Ha um "malessere", espécie de mal-estar coletivo, que se traduz por um desânimo econômico, político e social. Em 1987, a Itália emparelhou seu Produto Interno Bruto(PIB) ao da Inglaterra. Hoje, a Espanha ameaça ultrapassá-la.

O descrédito dos políticos, a desconfiança nas instituições, a estagnação econômica, a crise das pequenas empresas, que no passado fizeram a prosperidade do País, a ineficiência do Estado, tornaram a decantada bonomia italiana apenas um produto turístico.

O número de pobres, segundo critérios europeus, aumenta em todo o Continente. Na Itália, 11% das famílias já estão abaixo da linha de pobreza.

Dois livros de sucesso mostram a desconfiança em relação aos grandes poderes: A Casta, sobre a classe política, e A Camorra que trata da máfia napolitana.

Saiba mais no jornal O Estado de S. Paulo, edição de 15/12/07, página A12A.

Sonegação II

A extinção da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) abriu as portas para a sonegação. O Ministro da Fazenda disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, edição de 15/12/07, que entre 2001 e 2007 a cobrança da referida Contribuição permitiu identificar sonegação fiscal que gerou uma arrecadação extra de outros tributos superior a R$ 40 bilhões. Como se vê, o Governo vai perder receita decorrente do recolhimento da Contribuição e de outras fontes.

O Governo Federal já cogita instituir um imposto vinculado à saúde que mantivesse, também, o caráter fiscalizador da Contribuição extinta. Aliás, lideranças oposicionistas, ao verem a gravidade da decisão que tomaram, ensaiaram, no dia seguinte, movimentos favoráveis à recriação do tributo. Soou como arrependimento tardio.

Muitos senadores de partidos de oposição queriam votar a favor da prorrogação. Não o fizeram pelo radicalismo dos dois líderes, que ameaçaram renunciar e até expulsar os que contrariassem suas orientações.

Mallory

A indústria espanhola Mallory, de eletrodomésticos, instalada em Maranguape, anuncia sua disposição de deixar o Ceará em razão de descumprimento de obrigações contratuais por parte do Governo do Estado.

A fábrica foi substancialmente ampliada durante meu Governo, gerando mais empregos naquela cidade da região metropolitana.

Um dos dirigentes da empresa, falando à imprensa, diz que as providências para desativação da unidade cearense já estão em curso. Fonte do Governo nega e diz que já está tudo resolvido...

Afinal, fica ou vai ?

Cem anos

Oscar Niemeyer comemora cem anos celebrado no mundo como gênio da arquitetura moderna. Dói lembrar que o Ceará deixou de ver realizado aquele que o arquiteto considerou, em conversa comigo, seu melhor projeto, o Museu do Mar. O obscurantismo e o radicalismo político da Prefeita de Fortaleza inviabilizaram a obra. Perdeu a cidade a oportunidade de ter um ícone arquitetônico que, para além de atrair a atenção do mundo, iria ordenar toda história de nossa relação com o mar, sob os aspectos econômicos e culturais.

A visita da Prefeita de Fortaleza, em companhia do atual Governador do Ceará, ao escritório de Niemeyer, na cidade do Rio de Janeiro, foi só uma peça canhestra do marketing do arrependimento.

Em Crateús, cravei a presença solitária do mestre no Ceará, com um marco que assinala na cidade, a passagem da Coluna Prestes por ali. De resto, presente em outros sítios do Brasil, por onde transitou a marcha revolucionária.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

E agora ?

Governador do Estado do Ceará chama os que rejeitaram a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) de "rancorosos e inconseqüentes". Manchete de primeira página de "O Povo", edição de 14/12/07.

Entre os atingidos estão aliados seus, de campanha e de Governo. Já terá esquecido?

Futebol

No jogo da política quem escala o time é o povo. Estou acompanhando a fala do técnico.

Fortaleza e o PAC

Embora esteja entre as cinco maiores cidades do País em população, Fortaleza com R$ 225, 94 milhões é apenas a décima nona colocada em volume de recursos destinados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal. Somos, ainda, uma das cidades com maior percentual de pobres e de mais baixa renda per capita.

O que é isso, companheiros?

Saiba mais na Folha de S. Paulo, edição de 10/12/07, pag. A4.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Conversão


Parece que vai se confirmar a conversão do ex-Primeiro-Ministro inglês Tony Blair ao catolicismo. Ainda quando Primeiro-Ministro, manteve audiência com o Papa, o que contribuiu para aumentar especulações nesse sentido. Sua esposa Cherry é católica, e o marido integra ala anglicana próxima da igreja de Roma.

Na Inglaterra, ao contrário dos Estados Unidos, dá-se pouca importância à religião, inclusive na política. A diferença é que a Igreja Anglicana confunde-se com o Estado inglês, desde sua fundação pelo Rei Henrique VIII, pois a Rainha é, ao mesmo tempo, Chefe de Estado e da Igreja.

Talvez por isso, a conversão não tenha vindo quando Blair ainda exercia o cargo de Primeiro-Ministro.

Poeta

Que bom descobrir o poeta Nonato Albuquerque, meu colega de blog.

Está lá no Antena Paranóica seu poema Natal no Planeta.

Sonegação

Com o fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) decretada pelos senadores de oposição ao Governo Federal, leia-se Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e Democratas (DEM), ajudados por votos dissidentes da bancada de apoio ao Governo, fica liberada a sonegação no Brasil, a partir de primeiro de janeiro.

Sim, sem o controle da movimentação bancária através do tributo extinto será impossível acompanhar fluxos financeiros oriundos de patrimonios não declarados ao fisco. Basta lembrar, quando da instituição da CPMF, as contas bancárias milionárias cujos titulares eram isentos ou sequer declaravam imposto de renda.

Os críticos mais dissimulados da contribuição admitiam sua permanência com alíquota simbólica para efeito de combate à sonegação. Acontece que a decisão do Senado Federal simplesmente a extinguiu.

Você acredita que haverá interesse em ressuscitá-la, mesmo em valores ínfimos, para identificar os sonegadores? E, se alguém o fizer, que a iniciativa prospere?

Pobre Brasil, onde, por baixo do "heroísmo" de alguns, pode estar sendo cometido um crime contra muitos... Justamente os mais necessitados!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Enquete

O Blog do Noblat fez uma pesquisa junto aos leitores perguntando em quem votariam, se pudessem fazê-lo, para suceder Renan Calheiros na Presidência do Senado Federal.

Muitos foram mencionados, sendo o mais votado Pedro Simon, com 18,49% do total de votantes. Nenhum senador do Ceará recebeu votos.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Lá como cá...


O primeiro ministro inglês, Gordon Brown, depois de um breve período de popularidade elevada, teve seu índice de aprovação substancialmente reduzido. Pesquisas de opinião mostram os trabalhistas dez pontos atrás da oposição conservadora.

Saudado como um político sem carisma, mas austero e digno de confiança, Brown estaria fadado a fazer um contraponto ao seu antecessor Tony Blair, desgastado por condutas nebulosas à frente do Governo, e o envolvimento da Inglaterra na guerra do Iraque.

A denúncia de doações irregulares feitas ao Partido Trabalhista, associada a outros fatos, explicaria a queda precoce da aceitação popular do Governo. O financiamento de campanhas eleitorais consiste num problema em todo o mundo. A disposição de enfrentá-lo parece ser pequena. Sua persistência mina a democracia e afeta a credibilidade dos partidos e dos políticos.

Bolsa

Cresce o número de empresas brasileiras com ações negociadas na bolsa de Nova York. O Brasil já é o terceiro colocado em número de empresas. Ultrapassamos a França e o Reino Unido.

À nossa frente, estão Estados Unidos, óbvio, e Canadá, com 80. O Brasil tem 33. Os chineses avançam, já possuem 25 empresas listadas. O volume de negócios com ações brasileiras na Bolsa de Nova York supera o da Bovespa.

O fato marca o processo crescente de internacionalização da economia brasileira.

Saiba mais no jornal O Estado de S. Paulo, edição de 9/12/07, página B16.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Pesquisa Datafolha

Moroni Torgan lidera a disputa para a Prefeitura de Fortaleza

KAMILA FERNANDES

DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT), larga atrás na disputa pela reeleição. Quem lidera hoje na cidade é o ex-deputado federal Moroni Torgan (DEM). Os dados são do Datafolha, que pesquisou dois cenários na capital cearense.

No primeiro cenário, em que está incluída a senadora Patrícia Saboya (PDT), que trocou de partido para disputar a eleição, Moroni teria 29% das intenções de voto se as eleições fossem hoje. Luizianne aparece com 19%. Logo atrás vem o ex-governador Lúcio Alcântara (PR), com 17%, seguido de Patrícia, com 10%.

Em um segundo cenário - sem a senadora, mas com o deputado estadual Heitor Férrer (PDT)-, Moroni chega a 30% das intenções de voto, contra 16% de Luizianne. À frente dela, mas ainda em empate técnico, aparece Lúcio, com 19%.

O desempenho de Luizianne só se equipara ao de Moroni entre os mais jovens, de 16 a 24 anos, em que ambos ficam com 32%, no primeiro cenário. Entre os que têm mais de 35 anos, a prefeita fica atrás de Moroni e de Lúcio, nos dois cenários.

Foram entrevistados 415 eleitores, entre 26 e 29 de novembro.O pior resultado de Luizianne, quanto ao grau de escolaridade, é entre os de nível superior, em que ela consegue 11%, contra 20% de Moroni e 17% de Patrícia, no primeiro cenário.

Entre os menos escolarizados, com o ensino fundamental, que representam 51% dos entrevistados, Moroni chega a 33%, Luizianne, a 19%, e Lúcio, a 16%, no primeiro cenário. No segundo, o resultado é de 31% para Moroni, 21% para Lúcio e 16% para Luizianne.

Pequeno Príncipe


O pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry, é o terceiro livro mais traduzido no mundo. Atrás da Bíblia e de O Capital, de Karl Marx. Pode ser lido em mais de 160 línguas e dialetos, e dele já foram vendidos mais de 80 milhões de exemplares.

Diria que a obra, de certa forma, é uma espécie de precursora da literatura de auto-ajuda. No Brasil, línguas ferinas identificaram-no como o livro das "Misses", que entrevistadas por ocasião dos concursos de beleza apontavam-no como sua obra preferida.

O autor era piloto, tendo voado para a América do Sul nos pródromos da aviação comercial. Com destino a Buenos Aires escalava em cidades brasileiras. Escreveu, entre outros livros, Vôo Noturno e Terra dos Homens. Morreu em 1944, em um acidente aéreo, quando sobrevoava o Mar Mediterrâneo. Seu corpo nunca foi encontrado. Especula-se sobre a hipótese de ter sido abatido pelos alemães.

Erro

O deputado Nelson Martins (PT), líder do governo na Assembléia, erra ao dizer que quando Governador nunca recebi representantes dos professores das universidades estaduais em greve. Recebi sim, e por mais de uma vez. É testemunha do que digo o então Secretário de Ciência e Tecnologia, Hélio Barros.

Acatei, inclusive, sugestão das lideranças para que consultasse o Tribunal de Contas do Estado e o Tribunal Regional Eleitoral sobre a legalidade de concessão de aumento salarial diferenciado na vigência de ano eleitoral. As respostas foram negativas. Como a greve estava contaminada por clara motivação política com fins eleitorais, continuou, mesmo diante da impossibilidade legal de atendimento à reivindicação.

Reflexão do domingo

A maturidade me permite olhar com menos ilusões,
aceitar com menos sofrimento, entender com mais
tranquilidade, querer com mais doçura.

Lya Luft

Tecnologia

Em sua bem informada coluna no Diário do Nordeste, edição de 06/12/07, o jornalista Egídio Serpa noticia a chegada de equipamentos de última geração a serem repassados pelo Instituto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (IPDI), orgão do Governo do Estado, para laboratórios de investigação da UFC e Uece. O valor dos equipamentos é de 19 milhões de dólares. Registro que o Instituto foi criado no governo passado, assim como a aquisição se deu também na administração anterior mediante empréstimo externo alemão.

Continuidade administrativa promove o progresso e o desenvolvimento.

Abaixo, o tópico Tecnologia, na íntegra.

Chegaram mais equipamentos de última geração para o Instituto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (IPDI), do Governo do Ceará. O parque laboratorial do IPDI prestará serviços para empresas privadas dos setores de telecomunicações, de metal-mecânica, de siderurgia, de bens de capital, químico, petroquímico e de medicamentos. Os novos equipamentos destinam-se a cinco laboratórios da UFC e a dois da Uece. Na implantação dos laboratórios do IPDI, o Governo cearense investe US$ 19 milhões só para importar equipamentos.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Semelhança

A Comissão de Ética do Governo Federal decidiu que o Ministro do Trabalho, Carlos Lupi, não pode acumular o cargo com o de Presidente do Diretório Nacional do PDT. Os dois, segundo aquele órgão, são eticamente incompatíveis. Assim, ele terá que escolher um dos dois. O prazo para opção já está correndo.

A situação é semelhante a de Joaquim Cartaxo, que preside o PT estadual e é titular da Secretaria das Cidades. E aí, Ilário Marques ?

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Bolsa

O Governo do Estado do Ceará retomou o programa Bolsa Atleta, oh, desculpe, Bolsa Esporte, criado na administração passada para apoiar atletas experientes ou iniciantes de baixa renda.

Visa incentivar o esporte e afastar os jovens da marginalidade. Os recursos são do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (FECOP), instituído no Governo passado, sob intenso combate dos que hoje estão no poder.

A continuidade administrativa promove o progresso e o desenvolvimento.

Agentes de saúde

Há mais de um ano, a Assembléia Legislativa do Estado do Ceará aprovava projeto de lei de autoria do Governador do Estado regularizando a situação dos agentes de saúde, até então com vínculo empregatício precário com o Governo estadual.

Creio que a mensagem tenha sido aprovada por unanimidade. Até onde sei, a lei ainda não foi cumprida.

É estranho o silêncio do Legislativo, antes tão empenhado na solução do problema. São mais de dez mil pessoas aguardando que a lei seja respeitada e posta em prática.

Mortalidade infantil

Números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre mortalidade infantil revelam que, no período compreendido entre 1980 e 2006, o Ceará foi o Estado onde a queda foi maior, 72,4%.

Passamos de 111,5 crianças mortas, por cada mil nascidas vivas antes de completar um ano de idade, para 30,8.

À medida que a situação melhora, a queda é mais lenta, pois as causas de morte são mais complexas e de mais difícil controle.

A informação do IBGE baseia-se em projeções feitas a partir de dados colhidos com periodicidade mais longa. Dados confiáveis, colhidos pela Secretaria de Saúde do Estado, permitiram anunciar ano passado marca histórica inferior a 20. De acordo com aquele órgão ( O Povo, edição de 4/12/07), o número seria 17,6.

Música




Teresa Salgueiro, cantora do conjunto musical português Madredeus, anunciou que pretende seguir projetos musicais separada do grupo.

Dona de uma bela voz, muito contribuiu para o sucesso do Madredeus, inclusive no plano internacional.

A imprensa lusa viu no anúncio o risco de dissolução do grupo. Os portugueses podem estar seguindo o caminho dos Beatles.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Pranto


Morreu Heloneida Studart, cearense de Fortaleza, que migrou para o Rio de Janeiro, onde fez carreira como escritora e política.

Teve sete mandatos de Deputada Estadual e escreveu vários livros. Foi, ainda, uma voz importante do movimento feminista no Brasil.

Faleceu subitamente após ter se submetido a uma cirurgia cardíaca.

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Reforma Tributária

Nesta sexta-feira (7), iremos promover o segundo encontro da série Seminários PR 22. Desta vez, o tema será da área econômica: Reforma Tributária, Qual? O palestrante é Marcos Cintra, vice-presidente da Fundação Getúlio Vargas e presidente de honra do PR de São Paulo.


A palestra acontecerá das 8h30 às 12h30, no Hotel Oásis Atlântico (Avenida Beira Mar, 2500). Debaterão o tema José Maria Mendes, ex-secretário da Fazenda do Estado, Luiz Gastão Bittencourt, presidente da Fecomércio, e o professor da UFC, Flávio Ataliba, doutor pela Fundação Getúlio Vargas e pós-doutor pela Universidade de Harvard.

Durante o evento, será lançado o primeiro número da série Cadernos Republicanos, com a síntese da palestra proferida em 17/09 pelo antropólogo Roberto DaMatta, cujo tema foi Política e Sociedade: Como Restaurar a Confiança?

Venezuela


Hugo Chávez foi derrotado. Venceu o NO. Foi rejeitada a proposta de reforma constitucional que permitia reeleições presidenciais sem limite, restringia liberdades individuais, alterava o conceito de propriedade privada e outorgava ao Governo a missão de integrar os países da América do Sul na Grande Pátria sonhada por Bolívar.

A vitória ocorreu por estreita margem e pareceu dever-se a uma grande abstenção, superior a 40%. Comparando-se os resultados de domingo com os da reeleição de Chávez, verifica-se que a oposição cresceu pouco, enquanto Chávez e sua reforma obtiveram mais de três milhões de votos a menos. É possível que os ausentes apoiem o Presidente, mas não suas reformas.

O resultado do referendo criou um novo ambiente e entronizou novos atores na cena política. A oposição renovou-se, com a intensa participação da juventude, que desalojou da liderança dos movimentos políticos desgastados, partidos anacrônicos e uma elite descompromissada com o País.

Agora, é esperar para ver no que vai dar isso tudo.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Concursos

O deputado estadual Nelson Martins, líder do Governo na Assembléia Legislativa do Estado do Ceará, alardeia como grande feito a admissão de 7000 funcionários públicos estaduais até 2010.

Conta a história pela metade, ao omitir que mais de 5000 dessas vagas se referem a concursos abertos no Governo passado, que chegaram ao fim de 2006 em avançado estágio de execução.

Poderiam ter sido concluídos há mais tempo, com os aprovados já incorporados ao serviço público. Foram, no entanto, retardados, e, as convocações, quando ocorrem, se dão a conta-gotas.

Enquanto isso, a terceirização corre solta.

Modelo cearense

Artigo publicado hoje na Editoria de Opinião do jornal Diário do Nordeste.

Os indicadores brasileiros estão melhores. Os dados da Pnad 2006 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), a mais abrangente pesquisa feita pelo IBGE para tratar de mercado de trabalho, mostram que a taxa de desemprego no Brasil registrou a maior queda em dez anos. O Índice de Gini, indicador de desigualdade de renda (quanto mais próximo de zero, menor a desigualdade), mostrou uma suave redução na desconcentração.

O Nordeste foi a região em que todas as classes tiveram aumento do poder de compra. E o Ceará se destacou: obteve o menor Índice de Gini referente ao rendimento médio mensal das famílias, baixando de 0,566, em 2005, para 0,536, em 2006. Menor até mesmo que o índice alcançado pelo Brasil, de 0,547; na Região Nordeste o índice foi de 0,556 (Fonte: Pnad/IBGE).

A melhoria dos indicadores no Ceará deve-se, em parte, ao modelo de Gestão Pública por Resultados (GPR), adotado durante nossa gestão à frente do Governo do Estado. Conseguimos, com um planejamento equilibrado, transparência nas contas públicas e controle dos gastos, obter resultados mensuráveis. E a Pnad 2006 comprova que estávamos no caminho certo.

A Gestão por Resultados serve de base para a busca do crescimento com inclusão social. Mais do que uma rotina de trabalho, é uma nova cultura de governo, onde o que importa não é o que se faz, mas o que se consegue alcançar. Afinal, um governo sério e comprometido com o seu povo retorna, de forma satisfatória, o dinheiro recolhido do contribuinte.

Com a crescente demanda por serviços públicos ante as limitações de recursos, faz-se imprescindível a racionalização dos gastos a fim de evitar desperdícios e de incentivar medidas para otimizar o gasto público, e não simplesmente a realização do seu corte.

A caminhada em direção à redução das desigualdades já começou. Prudente, agora, é adequar as políticas públicas às necessidades reais do Ceará. A Pnad revelou uma melhora nos indicadores baseada em conquistas obtidas na gestão 2003-2006. Aos atuais e futuros governantes, resta acelerar o passo.

* Lúcio Alcântara é médico e presidente Partido da República no Ceará.

Recomendado

Acabei de ler Invenção do Desenho - Ficções da Memória, de Alberto Costa e Silva (foto), editado pela Nova Fronteira.

O autor é poeta, embaixador e membro da Academia Brasileira de Letras. Debruçando-se sobre o passado, nos dá, com enorme sensibilidade, um painel delicado de sua formação literária, o ingresso no Itamaraty, o início de sua carreira diplomática e suas relações familiares. Rio de Janeiro, Lisboa, África e Fortaleza são cenários dessa vida aparentemente plácida, transcorrida entre intelectuais e diplomatas, cujos perfis descreve com sutileza e bondade.

Não falta um retrato do nosso Antonio Girão Barroso, feito com carinho e exatidão. Fala com naturalidade da tuberculose, que o acometeu na juventude. E da longa estação no sanatório a céu aberto que era Campos do Jordão. Paradoxo que o afastou e o aproximou dos grandes amores de sua vida.

A narrativa é suave, a vida flui tranqüila, salvo as enxaquecas vulcânicas, erupções da alma, abrigo das tensões contidas.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Bom Jardim

O caderno Vida e Arte, do jornal O Povo, edição de 01/12/07, traz interessante matéria, de autoria de Pedro Rocha, sob o título Jardim da Cultura, que aborda manifestações culturais no bairro do Bom Jardim e adjacências, em Fortaleza, observando o impacto do Centro Cultural ali instalado junto à comunidade.

Fala sobre a violência na região, manifestações culturais locais na música, no artesanato, nas artes plásticas, bem como a percepção das pessoas sobre o meio e a relação com outras áreas da cidade em termos de produção e consumo da cultura.

Peca ao deixar de mencionar dados sobre a criação do Centro e a estratégia que orientou a implantação do sofisticado equipamento cultural, naquela zona periférica da cidade. Precedida de amplo levantamento das atividades culturais da comunidade, a obra visava descentralizar as ações ligadas à cultura, e, ao mesmo tempo, valorizar e incentivar a produção local.

Em resumo, um braço do Centro Cultural Dragão do Mar, junto à população de baixa renda tradicionalmente alijada das ofertas culturais. Um esforço integrado, além de ações meramente policiais, para mobilizar a comunidade e as estruturas existentes no bairro, em torno de uma cultura de paz.

Ali começamos um projeto pioneiro cujos frutos começam a ser colhidos.

A frase do dia

Pior que um déspota esclarecido, só um déspota pseudo-esclarecido.

Lúcio Alcântara

sábado, 1 de dezembro de 2007

Leviandade

O deputado estadual Artur Bruno (PT-CE) tem liberdade para divergir politicamente de mim. Está certo quando separa divergência política de relações pessoais.

Erra, quando, de modo leviano, me ataca dizendo que, no meu Governo, houve "empreguismo deslavado".

Quando, onde, como? Quem acusa deve provar, para não ficar como um ataque gratuito, que só desacredita quem o faz.

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Demolição

Em Salvador, no Estado da Bahia, ruiu parte do estádio da Fonte Nova, cuja interdição havia sido pedida há dois anos pelo Ministério Público, provocando mortes e ferimentos em torcedores.

No Estado do Pará, uma jovem, menor de idade, presa em uma delegacia em meio a vários homens, sofreu abusos sexuais.

Os governadores dos dois estados anunciam o propósito de demolir as duas construções. É como se a destruição do cenário revogasse o crime.

Se a moda pega, corremos o risco de assitirmos a um bota-abaixo nacional.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Renda II

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), órgão do Governo Federal, mostram que o Ceará já cumpriu a " meta do milênio", estabelecida pela Organização das Nações Unidas(ONU), de reduzir à metade a desigualdade social. O parâmetro usado como medida é o Índice de Gini, com resultado tanto melhor quanto mais se aproxime de zero.

A queda vem ocorrendo desde 2001, sendo que em 2006 nosso resultado foi melhor que a média do Nordeste e do Brasil, 0,536, 0,566 e 0,548 respectivamente.

Quanto à pobreza, teria sido reduzida, em percentual da população, de 62,5% em 2001, para 50,9% no ano passado. Dois terços da redução deveu-se à redistribuição da renda, e um terço ao crescimento econômico.

Agora, é trabalhar para que a tendência permaneça, e, se possível, acelere, daqui para a frente.

RAIS

A Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do ano de 2006, mostrou que no Ceará foram criados 69.329 novos empregos, uma elevação de 7,53% sobre o ano anterior, um dos melhores resultados no País.

No Brasil, a média de crescimento foi de 5,77% e de 1.916.632 o número de empregos gerados.

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Erro

O site do Governo do Estado do Ceará e a propaganda feita quando do lançamento do programa Ronda do Quarteirão, incorrem em erro ao noticiarem ter sido a atual administração estadual a instituir a gratificação aos policiais por apreensão de armas de fogo.

O benefício foi criado no Governo passado. O atual chegou a passar algum tempo sem pagá-lo, voltando a fazê-lo devido à insatisfação da categoria.

Admissões


O jornal O Povo, edição de domingo, 25/11/2007, estampou na primeira página manchete informando que o Governo do Estado do Ceará iria admitir, até 2010, sete mil novos servidores. Em página interna, traz quadro detalhado dos concursos em andamento ou projetados. (clique na figura ao lado para ampliar)

Examinando a notícia, constatei que mais de 5.000 dessas vagas se referem a concursos abertos no Governo passado, alguns em adiantado estágio, inexplicavelmente retardados pela atual administração.

Agia eu em consonância com meu propósito de reverter a tendência à terceirização dos servidores públicos.

Leia a matéria na íntegra:
Do sonho da estabilidade ao pesadelo da nomeação

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Reembolso

No exercício do mandato de Senador da República, tive oportunidade de incluir na lei que regula os planos de saúde, dispositivo que obriga as empresas a reembolsarem o Governo dos gastos com assistência médica prestada a beneficiários dos planos pela rede pública.

A medida tem sido implementada de modo precário devido à resistência das operadoras em cumprir a lei.

Ora alegam sua inconstitucionalidade, com base na obrigação que tem o poder público de atender a todos indistintamente, ora dificuldades operacionais para ressarcirem o Governo das despesas efetuadas.

Estima-se a dívida acumulada em cerca de R$ 473 milhões. Urge uma solução para a questão, que tem relevante interesse público.

domingo, 25 de novembro de 2007

Granta

Saiu o primeiro número da "Granta" brasileira, revista inglesa de cultura, traduzida integralmente do número 97 da original. O próximo número já virá acrescido da contribuição nacional.

Fundada em 1889, ressurgida em 1979, leva o nome primitivo do Rio Cam, que banha a cidade onde está a tradicional universidade britânica. No primeiro número, traz alguns dos melhores jovens escritores americanos, na tradição editorial de revelar talentos. A periodicidade no Brasil será semestral.

Sabe-se que o brasileiro lê pouco, menos de dois livros por ano, no entanto algumas revistas culturais têm sobrevivido com razoável penetração, considerada a aridez do meio. É o caso da "Cult", que já fez dez anos, da pernambucana "Continente multicultural", do curitibano "Rascunho" e da "Piauí", que, não obstante o nome, é de São Paulo. Esta última, recebida com ceticismo quanto à sua sobrevivência, vende, hoje, entre bancas e assinantes, cerca de 36.000 exemplares.

A nossa "Granta", editada pela Alfaguara/Objetiva, pretende ser uma espécie de "revista livro". O número de estréia tem 402 páginas e custa R$ 38,32, na Livraria Cultura.

Saiba mais no O Estado de S. Paulo, edição de 24/11/07, página D7, Caderno 2.

Lá como cá

Cerca de 300 obras literárias foram roubadas da biblioteca do Ministério das Relações Exteriores da Espanha(Ancelmo Gois, O Globo, edição de 24/11/07) .

Como se vê, não são apenas nossas desprotegidas bibliotecas os alvos desses ladrões de casaca, capazes de identificar e roubar o fino do patrimônio nacional.

A Biblioteca Nacional, a Biblioteca Mário de Andrade, o Arquivo do Itamaraty, museus e igrejas têm sido sistematicamente pilhados por bandidos bem informados que, por encomenda, ou proveito próprio, alimentam acervos de colecionadores, antiquários e alfarrabistas desonestos.

Para a reflexão do domingo

Desde que os homens deixaram de crer em Deus, o que se nota não é que não creiam mais em nada : é que eles crêem em tudo.

Chesterton

Ninho da vida

Participei, ontem, da inauguração, no bairro Renascer, em Messejana, de uma ONG, o Instituto Ninho da Vida, que se dedicará à orientação de jovens, com foco na sexualidade, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, gravidez precoce, através de assistência psicológica e educativa.

O surgimento da nova instituição coincide com a notícia de que a incidência de Aids cresce na população feminina jovem. O dado é atribuido à resistência dos jovens em usarem preservativos, somando-se ao fato de desconhecerem a devastação física e moral que a doença fazia, quando de seu aparecimento. Há, portanto, de se empreender um esforço de esclarecimento junto a esse segmento populacional.

Tira-teima

Sem querer alimentar polêmica, sugiro, a quem tiver interesse, consultar qualquer policial, civil ou militar, sobre o que pensa dos aumentos concedidos pelo Governo do Estado do Ceará na administração passada e os deste ano.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Renda

Desde os anos 90, o Brasil obteve os melhores resultados quanto à distribuição de renda, embora os números ainda sejam muito ruins. A desigualdade social é medida pelo índice de Gini. Ela será tanto menor quanto mais próximo estiver de zero. A média nacional recuou de 0,601 para 0,564 no intervalo estudado, 1995/2006.

O pior resultado está em Brasília e seu entorno, que passou de 0,567 para 0,612 e detém a maior renda per capita familiar, R$ 1.119,02, 30% superior à segunda colocada, a região metropolitana de São Paulo.No conjunto das principais regiões metropolitanas, o índice caiu de 0,581 para 0,569.

A outra região, além de Brasília, onde o número piorou, foi Recife, que foi de 0,585 para 0,608. Na área metropolitana de Fortaleza a mudança foi de 0,602 para 0,564, atrás de Curitiba, São Paulo, Belém, Porto Alegre, Belo Horizonte, em ordem decrescente de resultados.

Saiba mais lendo O Estado de S. Paulo, edição de 18/11/07, que divulga os dados de um estudo do economista André Urani, organizados a partir dos resultados da Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar (PNAD), de 2006.

terça-feira, 20 de novembro de 2007

São Jerônimo e o Livro


Palestra ministrada em 20/11/07, na Academia Cearense de Letras (sede do Palácio da Luz – Rua do Rosário, 1), durante o Ciclo de Conferências.

Meu tormento é comigo. Eu mesmo sou meu perigo.

São Jerônimo

Instado pela nossa dinâmica secretária Regina Pamplona Fiúza a colaborar com este curso, promoção de nossa Academia, elegi como tema de minha palestra a figura de São Jerônimo e sua relação com o livro, de modo especial. Receio ter feito uma escolha além da minha capacidade, tal a riqueza da vida deste santo, teólogo, doutor da Igreja, amante dos livros, tradutor, escritor prolífico, polemista, que gastou sua longa vida entre o deserto e os mosteiros, Roma e o Oriente. Mesmo assim estou certo de que servirá de introdução aos que fascinados pelo personagem desejem aprofundar conhecimento sobre sua vida e obra, e o tempo em que viveu. É para despertar o interesse pelo vulto grandioso que irei falar-lhes de modo breve sobre as três fases em que se dividiu sua vida, o período no deserto, a permanência em Roma, e a longa temporada em Belém, até sua morte.

Jerônimo nasceu em Strídon, na Dalmácia, hoje território da Croácia em 340, e faleceu em Belém em 420. Filho de família católica deslocou-se jovem ainda, para Roma, onde iniciou estudos de grego e latim e conheceu os clássicos que marcariam suas preferências literárias, Plauto, Virgílio e Cícero, entre outros. Começa aí a formação latina do eslavo em meio às desordens da juventude e a sedução das mulheres. Faz passeios freqüentes ao Coliseu e as catacumbas, que muito o impressionaram. É batizado com mais de vinte anos de idade. Decide empreender longa viagem em companhia do seu amigo Bonoso, indo à Gália, e depois à Treves (Trier), na atual Alemanha, onde floresce sua vocação religiosa despertada pelo convívio com anacoretas e cenobitas. Prossegue viagem em direção ao Oriente, reduto do monaquismo onde iria viver sua experiência essencial de isolamento e flagelação no deserto. Passa por Aquileia e Antióquia onde conhece e se deixa impressionar por Molco o eremita em quem vê sua figura futura.

Estabelece-se por fim no deserto da Calcídia, na Síria, no ano 373, onde vive como um asceta, lutando contra tentações que afugenta com penitencias e mortificações. Jejua e padece, auto flagelando-se, sendo conhecida representação sua brandindo uma pedra contra o peito. É nesse tempo de meditação e flagelo que trava sua luta interior entre a carne e o espírito, a sensualidade e a sublimação. Paralelamente, debate-se entre o amor aos clássicos e à leitura profana e o respeito aos livros sagrados, cujo estilo considera pobre e sem ornato. É quando, combalido pela prática continuada de sacrifícios, extenuado, doente tem o sonho, que revela em carta à Santa Eustáquia, “Ad Eustoquium”, que iria orientar definitivamente seus esforços para o conhecimento, interpretação e tradução da Bíblia e textos correlatos.

Vê-se diante de um Tribunal presidido pelo Deus de Israel como juiz inflexível a lhe indagar: “Quem, és? Um cristão, respondeu. Mentes, és de Cícero e não de Cristo”. E mandou açoitar-lhe impiedosamente até atender às vozes que se juntaram ao pedido de perdão do réu, implorando clemência, considerada sua juventude e propósito de emendar-se. Promete nunca mais por os olhos em uma página profana. Falou o santo. O artista permaneceu mudo. Seu encantamento pela cultura clássica influiu em sua obra o que o levou a justificar-se assim: “Se a sabedoria profana me encanta, é que duma escrava e duma cativa quero fazer uma filha de Israel.” A partir daí, diz-nos o santo, “Desde aquela hora me entreguei com tanta atenção e diligência a ler as coisas divinas, como jamais havia lido nas humanas”. Era o conflito que vivia entre o profano e o sagrado a necessidade de optar entre Cícero e Cristo, como se um inevitavelmente excluísse o outro. O duelo íntimo de Jerônimo não “era ser ou não ser, mas ser e não ser, Cícero e Cristo, o não e o sim”, na expressão feliz de Teixeira de Pascoaes.

O amor aos clássicos o acompanharia por toda vida. O inimigo Rufino quando denunciava suas falhas acusava-o de guardar consigo um códice de Cícero, considerada falta grave em um meio marcado pelo radicalismo religioso e as querelas teológicas. Aproveita a temporada no deserto para aprender o hebraico com um rabino, o que lhe permitirá mais tarde traduzir a Bíblia diretamente do original para o latim, a “vulgata”, assim chamada por ser a versão mais acessível, sua obra mais conhecida.

Na primavera de 378 regressa a Antioquia onde é ordenado Padre. Não desejava a ordenação, e só a recebeu sob a condição de não abdicar de sua liberdade de monge e escritor. A liberdade da solidão como a denomina Pascoaes.

Esquecido, distante dos amigos, desgostoso com o ambiente da cidade, o comportamento reprovável do clero, e as disputas religiosas, vaga por diversos lugares, inclusive Jerusalém, até chegar a Constantinopla onde realiza estudos com São Gregório de Nazianzeno. Daí segue para Roma, atendendo chamado do Papa Damaso que convoca o concílio ecumênico no esforço para pacificar e unir a Igreja. Faz dele seu secretário, investindo-o da púrpura cardinalícia.
Em Roma, regurgitante de gente vinda de muitos lugares a religião é o assunto dominante. O concílio fracassa no propósito de unificar as igrejas do Ocidente e do Oriente, e Jerônimo se destaca pelos estudos e as traduções que realiza a pedido do Papa, o combate inclemente ao clero corrupto, os escândalos, o luxo cortesão e a devassidão. Prega obstinado em defesa da virgindade, e assiste a matronas patrícias, piedosas e sábias, ensinando a doutrina e fazendo o proselitismo da vida monacal no cenáculo do Aventino. É em torno dele que se reúnem entre outras, Paula, suas filhas Blesila e Eustáquia e Marcela, mais tarde suas companheiras na aventura de Belém, fundando mosteiros na reclusão santificadora.

O comportamento arrebatado e contundente de Jerônimo lhe vale muitas inimizades e o torna alvo de críticas e infâmias que se exacerbam com o falecimento do seu protetor o Papa Damaso. Seu sucessor, Síricio, assume em meio a contestações de adversários que busca serenar afastando Jerônimo. Este, acusado pelos inimigos, entre outras coisas, de manter relações amorosas com suas discípulas, resolve retornar ao Oriente. Rejubilam-se os desafetos com sua partida. Jerônimo deixa Roma, que rotula de Babilônia, e vai em busca do seu destino, pois afinal é em Belém que realiza a maior parte de sua obra. Algum tempo depois, Paula, Eustáquia e outras ilustres donzelas seguem ao seu encontro, e antes de se fixarem em Belém, em companhia dele, percorrem a via dos peregrinos, viajam à terra santa, a Fenícia e a Síria. Chegam até o Egito. Paula e Jerônimo visitam celas dos mosteiros e luras dos eremitas.

Descrevem-nos como defuntos vivos sob a cruz, e ao lado de uma Bíblia sobre a pedra, e um leito no chão, de folhas secas. Emergem das cavernas feito bichos que encantam a Deus. Fixam-se definitivamente em Belém, onde graças aos recursos de Paula constroem dois mosteiros, uma torre para reclusão e uma hospedaria para peregrinos. Aí permanece até a morte, absorvido por seus estudos, escrevendo e traduzindo, ensinando aos jovens, assistido por Paula e Eustáquia, com quem dialoga e troca idéias. Concilia os dois amores, Cícero e Cristo. Fala aos rapazes, de Homero, Virgílio e Cícero, liberto do conflito da mocidade, por acreditar que a cultura clássica não prejudica a fé cristã. Descansa quando escreve, estuda, ora e medita, alimentado de ervas embebidas em leite e pão grosseiro. Discute, enquanto suas obras são lidas e comentadas, sobretudo em Roma. Longe de Roma Jerônimo manteve-se ligado à sede do império mediante intensa correspondência trocada com amigos. Preocupava-o a hegemonia de Roma sobre o mundo cristão e a integridade do império ameaçada pelos bárbaros. Chegou a indagar em uma de suas inúmeras cartas – “Quid salvum est si Roma perit”?, isto é “O que se salva se Roma perece”?. É taxado de pagão e herético, e de escrever só para mulheres. Procurado por muitos viajantes reclama dos visitantes que “obrigam-no a fechar a porta na cara, ou interromper meus estudos da escritura que nos manda abrir as portas.” Envolve-se em polêmicas e controvérsias religiosas, faz inimigos, trata com dureza os opositores, abusa da sátira “na frase ígnea que se abraça a um desgraçado e não o larga” (Pascoaes).

No fim da vida, quase cego, atormentado pelos perseguidores, viu o desfecho da polêmica que travou com o ex-amigo Rufino convergir numa onda de fanatismo pelagiano que incendiou mosteiros e interditou igrejas, levando-o a afirmar, “podem prender os pregadores da verdade mas a verdade não será vencida”. É a este homem, místico e combativo, dividido entre contemplação e ação, que orou na solidão do deserto e pregou no burburinho da cidade, que “aspirava o domínio universal da sua fé pela igreja romana, como aspirava à santidade fazendo de sua vida perpétuo ensaio da morte” (Pascoaes) a quem muito deve o cristianismo e a história do livro.

É da contribuição que deu para a confecção e difusão do livro que passarei a falar em seguida.
Trato em primeiro lugar do tradutor que foi, considerado por Douglas Robinson (in “Western Translation Theory), a propósito da carta número 57, “Ad Pammachium de optimo genere interpretandi” (A Pamáquio, o melhor método de tradução), ser este o documento fundador da teoria cristã da tradução. Considera-o ao lado de Cícero, Lutero, e Goethe, um dos mais influentes teóricos da tradição tradutora ocidental. E ainda o formulador de uma teoria pós ciceroniana da tradução que manda considerar o sentido do texto e não cada palavra de per si.
A carta de São Jerônimo a São Pamáquio é a resposta belicosa do autor, acusado por Rufino de haver deturpado o sentido e a forma de uma carta, que Epifânio, Bispo de Constancia (Chipre) enviara à João, Bispo de Jerusalém, buscando dissuadi-lo de uma heresia origenista. A pedido de Eusébio de Cremona, Jerônimo traduziu-a para uso exclusivo do solicitante. Dezoito meses depois, furtada, aparece publicada em Jerusalém desencadeando a acusação de Rufino, rival e ex-amigo. É na carta a Pamáquio que Jerônimo lança, defendendo-se dos ataques que sofria, chamado até de falsário, os fundamentos da sua teoria da tradução, resumidos na máxima “Non Verbum e Verbo Sed Sensu Exprimere de Sensu”.

É certo que admite exceção para o caso das sagradas escrituras, que devem a seu juízo ser traduzidas literalmente, pois a ordem das palavras configura um mistério. Reforça, com vários exemplos, a importância de captar o sentido das idéias, e não o sentido das palavras. “O que vós chamais de fidelidade, chamam-na os doutos mau gosto”, afirma categórico em certo trecho da mencionada carta. Desse dilema padeceram, e de certo modo ainda padecem, os tradutores, acusados com freqüência de traírem os originais (“tradutore traditori”, dizem os italianos). Pouco reconhecidos, sua divisa é servir, “sentam-se nos últimos lugares”, e que “seja Jerônimo aqui em baixo modelo deles e no céu seu protetor” (Larbaud).

Para ajudar os crentes no penoso ofício, propõe Valery Larbaud uma oração, fusão de palavras de Jerônimo, com parte da prece que lhe dedica a igreja a 30 de setembro data a ele consagrada. Eis o texto que invoca, o auxílio para o trabalho árduo do tradutor: “Doutor excelso, luz da santa Igreja, bem aventurado Jerônimo, vou empreender uma tarefa cheia de dificuldades, e desde já suplico-vos que me ajudeis por vossas preces, afim de que eu possa traduzir essa obra para o francês com o mesmo espírito no qual ela foi escrita.”
Em que pese a relevância da obra própria de São Jerônimo, como veremos adiante, o reconhecimento mais amplo viria da sua atividade como tradutor, particularmente da Bíblia, na versão conhecida como “vulgata”.

Fê-la por encomenda do Papa Damaso, para o latim, diretamente do hebraico. Isso facilitou sobremodo o acesso do povo ao texto sagrado, por mais compreensível, além de dar contribuição decisiva à unidade de Igreja, sob a hegemonia romana. De fato, dividida por querelas e controvérsias religiosas, alimentadas em parte por diferentes versões da Bíblia, a Igreja viria a se expandir e a construir a civilização ocidental cristã sobre o alicerce colocado por São Jerônimo. Roma que fizera o estado, fez a Igreja Contestada de início, a “vulgata” viria a se impor sobre as demais versões, particularmente a “itala, ou vetus romana”, e a chamada “septuaginta, ou dos setenta” traduzida do grego. Para a elaboração da chamada “vulgata”, cujo reconhecimento litúrgico deu-se no Concílio de Trento por decreto de 8 de abril de 1546 como a mais amplamente divulgada foi-lhe de grande valia a Hexapla compilação comparativa da Bíblia feita por Orígenes.

Tomando todas as versões Jerônimo terminou por renovar quase por completo o texto primitivo. Essas distintas versões provinham de fontes secundárias, geralmente gregas, contraditórias, focos de cismas e heresias doutrinárias. O mérito da “vulgata” ultrapassou os limites da religião, para influenciar de modo inquestionável a formação de todas línguas ocidentais. Curioso é que Lutero, muitos séculos depois, acusado de erros na tradução das escrituras para o alemão, defendeu-se afirmando ter se utilizado no trabalho do método de Jerônimo. Apesar de dizer, ser ele, entre todos, o que mais odiava.
Posto, creio de modo insofismável, a importância de Jerônimo ao estabelecer as bases da técnica da tradução é hora de debruçarmo-nos, ainda que de modo superficial sobre sua obra, não menos valiosa, o processo empregado na sua elaboração, e a maneira como se difundiu a partir

de Belém onde a produziu na maioria.

A obra de autoria de São Jerônimo está constituída por cartas, são conhecidas 154, que enviava a amigos e autoridades eclesiásticas, versando temas doutrinários e comentários bíblicos, biografias (A vida de São Paulo eremita, A vida de Malco) e prefácios a livros sagrados. Editorou 64 Homilias de Orígenes e a “Crônica” de Eusébio está organizada em três partes: tradução, notícias de outros autores e comentários dele próprio. Foi por certo o maior editor de texto de sua época (E.F. Sutcleffe – “The name of Vulgata in A construção do livro” – Emanuel Araújo).

As cartas, aliás, epístolas, pois carta era termo reservado ao suporte, e epistola ao conteúdo, são a parte mais importante do seu trabalho. É impressionante constatar como em condições tão precárias, foi possível produzir tantos textos, e difundi-los de tal modo tenham sobrevivido até hoje. Isso só se conseguiu graças a uma estrutura de colaboradores formada por auxiliares, na fase de elaboração do livro, e na sua difusão a partir dos amigos situados em posições hierárquicas e geográficas estratégicas. Nesse aspecto é bom lembrar a inexistência de livreiros e processos de comercialização. A reprodução de cópias pelos interessados nos assuntos tratados, aliada a preocupação dele em municiar Roma com seus escritos, ajudou a consolidar textos canônicos que garantiram unidade doutrinária, instituíram dogmas e fizeram a igreja crescer sob a égide romana. Está ai um exemplo de eficácia do anacronismo. A tese de D. Paulo Evaristo Arns defendida junto a Sorbonne, em Paris, sob o título, “A técnica do livro segundo São Jerônimo”, recentemente publicada em segunda edição pela editora Cosac Naify traz minucioso estudo sobre a história do livro na antiguidade (séculos IV e V) e a participação do santo no contexto de sua elaboração, vistas as diferentes etapas do processo. Tudo se iniciava quando ele ditava aos taquígrafos, chamados notarius, que anotavam tudo, usando os “puncta”, um sistema arbitrário de sinais, úteis para captar adequadamente sua fala. A preferência pela oralidade deve-se a pressa com que trabalha e a sobrecarga de tarefas de que se incumbe. Ainda que reconheça “a diferença entre a audácia repentina do ditado, e o esforço meditado da redação, como está no prólogo do “Comentário a São Mateus”. Tem-se como certo que raramente escrevesse, ele próprio, seus textos. Sucedem na faina, aos taquígrafos, os copistas, responsáveis, após correções, pelo produto final. Natural, que num processo tão artesanal não faltassem erros. Para que se tenha idéia da possibilidade de interferência do copista no processo de elaboração dos textos reproduzo anedota ilustrativa do assunto. Conta-se que Maomé ouvia a palavra de Deus e ditava aos seus escribas.

Um dia, quando ditava a Abdullah, hesitou, interrompendo a frase ao meio: instintivamente, o escriba sugeriu-lhe o final da frase e Maomé, distraído, aceitou a emenda como sendo a palavra divina. Este fato escandalizou Abdullah, que abandonou o profeta e perdeu a fé. Sobre o episódio o escritor Ítalo Calvino diz ter faltado ao escriba a fé não em Deus, mas na escrita, e em si mesmo, como operador da escrita. Advertindo-os chega a ameaça-los com o juízo final. “Tu que transcreverás este livro, eu te conjuro em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, e de sua volta gloriosa, na qual virá julgar os vivos e os mortos: confronta o que tiveres copiado, e corrige com muito cuidado no exemplar em que tiveres escrito.”

Sobre o estilo de Jerônimo propriamente, cumpre destacar a veemência, o sarcasmo, a palavra implacável, o uso de opiniões alheias em apoio à sua, às vezes indistinguíveis de seu texto pessoal, o que o levou a ser considerado um grande plagiário que preservou do esquecimento autores e obras. Lembra Cícero nas Catilinárias, na contundência e no furor personalistas, mas enquanto este se conduz com superior isenção o que lhe confere grandeza moral no cumprimento dos deveres, Jerônimo, ao contrário, na polêmica com Rufino não se dirige diretamente a ele, mas o faz através de Pamáquio e Marcela. Cícero esmaga com a força política, e do cargo, que lhe garante segurança e autoridade frente ao seu oponente Catilina. O outro, em posição mais vulnerável, busca se firmar como o defensor da ortodoxia católica, das verdades da fé cristã.

Terminada a obra, cumpria editá-la, o que deve ser entendido como divulgá-la. O que significa expô-la a adulterações por lapsos de copistas, ou intencionais, para atender a propósitos ideológicos. Preocupado com a fidelidade dos textos, Jerônimo, adota o comportamento cauteloso de enviá-los a amigos e irmãos, nos quais confia, para a propaganda e disseminação. Mostra-se intolerante com seus algozes que o inquinam de pagão, herético, e maliciosamente, de escrever só para mulheres, alusão às suas seguidoras, focos de irradiação de suas idéias a partir de Roma e Belém. Pede aos amigos, “Lede-me, mas salvai-me do público. Não suporto a censura dos impotentes”.

É conhecida a importância que empresta aos prefácios, em geral elaborados após concluído o trabalho, espaço para suas justificações e a descrição do processo por ele utilizado na feitura da obra. Já no encerramento do livro, “in fine librorum”, era costume dos judeus aporem “sela”, ou “salom”, que quer dizer a paz, ou pacífico. E os latinos fecharem o texto com “explicuit” ou “feliciter”. Naquela época como hoje, o momento de dar graças a Deus por ter concluído a tarefa. O amém, que entrou nos costumes cristãos, pode figurar em qualquer parte em toda obra.

Exemplo disso são os evangelhos. O termo “líber” parece corresponder a uma unidade de extensão indeterminada mas tanto para Santo Agostinho como São Jerônimo podia designar uma obra inteira que exigia vários rolos. Neste sentido afirma que o “livro permanece quando os homens já passaram”. Recomenda ao monge “para escrever livros”, e adverte: “que o livro jamais se afaste de tuas mãos e de teus olhos”, para evitar erros e omissões. A autenticidade da obra era dada pela assinatura, muitas vezes ausente nos textos de Jerônimo, fosse pela pressa com que trabalha, ou esquecimento dos copistas, era dada ao término do livro por final autógrafo, “após o ditado o amanuense relia a carta, voz alta, e depois o autor, de próprio punho, acrescentava um final” (Bruyne, em “São Jerônimo e a técnica do livro”, D. Paulo Evaristo Arns, 2ª edição, Editora Cosacnaify p. 170). Outra forma de autenticar o texto era o uso do “anulus signatorius” empregado por Jerônimo, técnica que lhe era familiar desde Roma.

Se no Brasil pouco se tem publicado sobre São Jerônimo no mundo a bibliografia sobre ele não para de crescer. Erasmo de Rotterdam (1469 – 1536) organizou a primeira grande edição de sua obra em nove volumes in folio, Basiléia, 1516-1520, falha quanto à cronologia, útil porque ajudou a distinguir obras autênticas de apócrifas. Dele chegou a dizer quanto extensa era sua erudição a propósito do seu valor como humanista. (in “A incrível atualidade de São Jerônimo”. Jornal da Tarde, 10/04/97, José Mário Pereira). Sua personalidade fascinante inspirou poetas, escritores e estudiosos tendo sido ainda um dos santos mais retratados. Pintaram-no entre outros, Lorenzo Lotto, Guido Reni, Caravaggio, Tintoretto, Piero de La Francesca, Leonardo da Vinci, Botticelli, Dürer, Rembrandt, Zurbaran e Ribera, imortalizando-o com sua arte, no deserto ou no estúdio, junto aos livros e a caveira, símbolo da efemeridade da vida, e o leão domesticado, o anacoreta semi-nu, ou o doutor máximo da igreja em trajes cardinalícios.

Dezesseis séculos depois, o estudo da vida e da obra desse homem notável, bem assim das circunstâncias em que viveu, permite-nos conhecer a implantação dos fundamentos da civilização ocidental cristã e etapa importante da evolução da escrita, do livro, e da leitura. Este místico enlevado e asceta torturado, como o chamou Teixeira de Pascoaes, que viveu entre a sensualidade acesa pelo corpo e a excitação dos sentidos, e a imolação pela penitência, como oferenda a Deus em remissão dos pecados e fortalecimento da fé, deu-nos o exemplo da conciliação entre a cultura clássica, leiga, e os estudos sacros. A vida em Roma, entre palácios e dignatários da cúria, e a solidão do deserto, fonte de inspiração, seu “paraíso de luz” como o chamava. Foi aí onde se encontrou “fora dele, ou no mar alto como Camões, ou no deserto como João, ou na estepe nevada, como Tolstoi, e até no meio do caminho como Paulo”. Sim, “o nosso espírito alimenta-se nas coisas do ausente e do abstrato, e divaga no último distanciamento, tocado dum esplendor divino”. Assim concebeu Teixeira de Pascoaes, “a imaginação, essa mulher, tocando-o para iluminá-lo”.

Tradutor da “vulgata”, obra de mestre, fonte da unidade do cristianismo, até então dilacerado por heresias e controvérsias nutridas por fontes diversas de doutrina, dividido pela disputa entre ocidente e oriente, Roma e Constantinopla, por mil anos sua leitura orientou a consolidação e expansão da Igreja.

Desempenhou papel importante na evolução da escrita, na transição do estilete para o cálamo, do papiro para o pergaminho, do livro de rolo para o “códice”, tornando mais cômoda a leitura, e menos penosa a tarefa sem fim de fazer livros, prevista no eclesiastes. O “códice” substituiu o “volumen”, que sendo a forma pobre do livro é bem aceita, colabora para a recepção do povo à Bíblia, tornando-se a forma preferida para leitura de padres, bispos e monges, o que explica o desenvolvimento da literatura cristã.

Desta personalidade multifacetada de teólogo, escritor polemista, gramático, filólogo, retórico, ressalta para a posteridade a contribuição fundadora para a teoria da tradução, preocupada com a fidelidade às idéias, sem incorrer na tentação literal, que fustigou reiteradamente com o látego do verbo de fogo, filho do seu temperamento indomável. Por todos esses atributos foi feito patrono dos bibliófilos, livreiros, editores, tradutores, bibliotecários, ou como sugere Larbaud, de todos os homens de letra, ou ainda em síntese, de todos os humanistas.

Sem perder a atualidade, São Jerônimo nos lega a lição do amor aos livros, do estudioso incansável, da prospecção e estudo comparado. Dos textos para a construção da doutrina canônica, da busca da verdade, da harmonização entre o saber profano e a cultura cristã, a conciliação entre intelectual sofisticado e o asceta, o mundanismo da Roma corrompida e a solidão do deserto na companhia de bestas e escorpiões. Por fim nos ensina a hermenêutica da tradução, o método do ofício, que até o século vinte subsistiu como tema de continuada discussão.

Ao entreabrir-lhes a porta para o conhecimento deste homem extraordinário, na sua tríplice dimensão de santo, tradutor e escritor, ensejo-lhes a ocasião de descobrirem nele, na conclusão feliz do jornalista João Batista Natali (“Folha de S. Paulo”, 23/11/93) bem “mais que um pretexto que o cristianismo fornece na antiguidade para se compreender a palavra escrita e a técnica para sua difusão”.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Venezuela


Sondagens de opinião feitas na Venezuela e divulgadas pela imprensa, apontam para a possibilidade de rejeição às reformas constitucionais patrocinadas pelo Presidente Hugo Chávez e aprovadas pelo Parlamento, agora sob consulta popular.

Mesmo entre os chavistas, há um percentual elevado de eleitores contrários às propostas. Ocorre que boa parte deles, satisfeitos com outras ações do Governo, prefere abster-se de votar. A vitória de Chávez pode depender do percentual de abstenção de seus adeptos.

A impressão que se tem, vendo o cenário à distância, é que a oposição cresceu engrossada pela militância aguerrida dos jovens e impulsionada pela ameaça à propriedade privada e restrições às liberdades individuais, contidas nas mudanças submetidas ao referendo.

Feio

É muito feio o que estão fazendo os senadores da República de partidos que apóiam o Governo Federal.

Colocam reivindicações de caráter pessoal para apoiarem a proposta de prorrogação da vigência da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), aproveitando a dificuldade para aprovação da matéria.

O interesse público e a clareza de posições, para eles, não contam.

República


A comemoração da República foi tão silenciosa quanto sua proclamação. As ruas desertas alimentaram as estradas engurgitadas de carros rumo ao campo e às praias. O feriado fica como o único registro do fato.

Nem mesmo as insípidas solenidades oficiais acontecem. Que dirá festas populares.

Na verdade, seu advento não resultou de mobilização popular. Foi fruto da ação de um punhado de militares positivistas, alguns políticos, exaltados jornalistas e fazendeiros insatisfeitos com a abolição da escravatura.

A Princesa Isabel, com seu gesto, redimiu uma raça e aluiu o Império. A rusga de Deodoro com o Imperador, que levaria à destituição do Gabinete, derrubou a Monarquia. E, como já foi dito, o povo a tudo assistiu boquiaberto e passivo.

Hoje, historiadores publicam livros exaltando a figura de D. Pedro II como um grande estadista, possuidor de virtudes republicanas.

domingo, 18 de novembro de 2007

Imperdível


O Rio de Janeiro, chamado cidade esplendorosa, num filmete de James Fitzpatrick, datado de 1935, inspira saudade e pena.

Sim, é possível ter saudade de algo que não chegamos a ver. E ter pena do que fizeram dela. É nostalgia pura.

Está no blog do Noblat.

Agindo


O Ministério Público, através da promotora Isabel Porto, diante da passividade do Governo do Estado do Ceará, face aos graves problemas da saúde em sua área de competência, resolveu agir.
Promoveu ações civis públicas para fortalecer as estruturas de assistência médica no interior, atingidas pelo desmonte do programa Saúde mais perto de você, efetivando a admissão dos aprovados e classificados no concurso público realizado ano passado.

Enquanto isso, na saúde, a terceirização corre solta.

Decálogo

Sérgio de Carvalho, dramaturgo, revela em crônica no Jornal do Brasil, edição de 30/07/93, o decálogo de Câmara Cascudo, copiado pelo pai dele, encontrado anos depois, dentro de um exemplar do Livro das velhas figuras, de autoria do sábio riograndense do norte.

Por achá-lo interessante, decidi reproduzi-lo aqui, depois de encontrar o amarelecido recorte de jornal nos meus guardados.

Meu regimento interno


  • Não mentir

  • Não transmitir notícia desagradável

  • Não cultivar pensamentos humilhantes e vingativos

  • Não invejar felicidade

  • Não pensar naqueles que antipatizo

  • Não colaborar na mediocridade

  • Não ajudar o diabo

  • Evitar a tristeza dispensável

  • Trabalhar menos e melhor

  • Não ser o quinto evangelista