sábado, 17 de maio de 2008

Jornais

Os jornais são um produto velho de uma sociedade antiga e não têm futuro, afirmou Juan Luis Cebrián, em conferência que pronunciou na Universidade Lusófona de Lisboa.

E olha que o homem é insuspeito para falar, pois fundou o El País, jornal espanhol que se impôs rapidamente como um dos mais prestigiosos da Europa.

Segundo ele, a concentração da mídia é inevitável, pois sem empresas fortes, não há liberdade de expressão.

Ao dizer que a fragmentação debilita a mídia, sugere que há outros mecanismos para assegurar a liberdade de expressão e a pluralidade de opiniões.

Conclui, alertando: as maiores dificuldades serão enfrentadas pelos órgãos que são demasiado grandes para serem estritamente locais e demasiado pequenos para serem globais.

Será assim mesmo ?

Publicidade

O suporte de comunicação do Governo já tem um pai e um filho.

O espírito santo a gente sabe que existe e tem poder, mas não vê...

Fim

O Presidente do Banco da Inglaterra, que corresponde ao nosso Banco Central (BC), cunhou uma frase que foi manchete dos jornais europeus: The nice decade is over.

Quer dizer , acabou o tempo bom...

A alta do preço do petróleo, a escassez de alimentos, a ameaça da inflação e a crise do sistema financeiro americano, traçam um cenário nada animador para a economia mundial nos próximos anos.

Que o Brasil comece a se precaver com o que pode vir por aí.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Poesia

Aniversário

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

Sim, o que fui de suposto a mim mesmo,
O que fui de coração e parentesco.
O que fui de serões de meia província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino,
O que fui - ai meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

O que eu sou hoje é como a umidade no fim do corredor da casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa,
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

Vejo tudo com uma nitidez que me cega para o que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas - doces, frutas, o resto na sombra debaixo do alçado,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Para, meu coração!
Não penses, deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.

Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos)

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Destaque

O jornal Estado de S. Paulo, edição de 12/05/08, destaca o trabalho que faz o casal Carlile Lavor e Míria, em Angola, implantando o programa Vigilante da Saúde. O País tem uma das mais altas taxas de mortalidade infantil do mundo, com a malária grassando impiedosamente. A ação teve início em 2007, em seis cidades.

Carlile, que é médico, cearense de Jucás, criou, a partir do Ceará, o programa Agente de Saúde, relevante na redução da mortalidade infantil. Hoje, implantado nacionalmente.

Meu contemporâneo durante o curso médico, formado, mudou-se para Brasília, onde lecionou na Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB).

Aposentado, Carlile inscreveu-se em concurso público para a carreira de saúde pública, criada em minha gestão como Secretário de Saúde, à época com atraente salário e perspectiva de ascensão funcional. Aprovado, designado para Iguatu, iniciava uma trajetória de grande contribuição para a melhoria das condições de saúde no Ceará.

Nordeste

O Nordeste passou o Sul em consumo, ficando atrás, apenas, do Sudeste. A taxa de crescimento foi de 25%, segundo pesquisa feita pela consultoria Target.

A notícia me surpreendeu. Denota uma redistribuição do consumo no Brasil para a qual certamente contribuíram a implantação de novas empresas na Região, o aumento real do salário mínimo, que ainda tem importância como piso salarial para nós, nordestinos; melhora da renda familiar e programas sociais, como o Bolsa Família.

Saiba mais em O Globo, edição de 12/05/08.

Obras inacabadas

Manchete de primeira página, do jornal Diário do Nordeste, edição de 12/05/08:

Obras inacabadas comprometem desenvolvimento
Pelo menos cinco obras importantes na Grande Fortaleza estão virando lenda. Uma delas já dura 11 anos.


No texto, a notícia cita as cinco obras. São elas: BR-116, avenida Sargento Hermínio, Ponte da Sabiaguaba, Projeto Costa Oeste, transferência do Beco da Poeira.

Obra parada é a obra mais cara. Isso, para não falar dos transtornos que provoca.

Quando Governador do Estado, dei prioridade à conclusão de obras iniciadas, a maioria das quais encontrei paralisadas. Age ao contrário o atual Governo do Ceará. Parou, injustificadamente, obras em andamento, prejudicando a população e encarecendo seus preços. A retomada de obras paradas tem sempre um custo adicional.

Obras iniciadas em decorrência de convênios, celebrados entre o Estado e municípios, algumas para atender exigências do Ministério Público, estão paradas em decorrência da interrupção de repasses previstos nos referidos convênios.

Gostos do gestor não devem comprometer o princípio da impessoalidade da administração pública.

O nome disso é desperdício e nanismo político.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Marina


É mais que um nome de mulher. É uma guerreira terna e delicada, frágil. E, ao mesmo tempo, forte, como a natureza que busca proteger.

Tombou como uma árvore da floresta, que lhe serviu de berço, abatida pela serra elétrica, acionada por intrigas do poder e a inércia da burocracia.

Fomos colegas no Senado Federal. Fizemos amizade pavimentada por uma comunhão de ideais e mútuo respeito.

Tive-a ao meu lado, quando produzi o texto que se converteria na que viria a ser conhecida como a lei da natureza. Sendo doce e suave, era, no entanto, inflexível em suas convicções essenciais.

Como Governador do Ceará, visitei-a algumas vezes, em seu gabinete, para tratar de assuntos de interesse do Estado. Parecia um corpo estranho na engrenagem do poder.

Foi mais um ícone que uma Ministra do Governo. Creio que tenha se mantido tanto tempo no cargo por sua trajetória de vida e o reconhecimento universal. Caindo, ajuda mais que ficar esvaziada a vagar como um zumbi na selva de concreto, vidro e aço de Brasília.

Foi menos uma executiva de uma política ambiental e mais um símbolo poderoso da natureza e dos riscos que corre a vida na terra.

Trânsito


O trânsito nas grandes cidades brasileiras anda infernal. Fortaleza não é exceção.

Ruas estreitas, o traçado em xadrez, estacionamento nas duas margens e fluxo nos dois sentidos. Enxurrada de novos carros, transporte público precário, falta de investimento no sistema viário, órgãos técnicos desaparelhados e com pouco pessoal compõem um cenário desanimador.

Em São Paulo e no Rio de Janeiro estão sendo postas em prática medidas drásticas de proibição da circulação de caminhões em determinadas áreas e em certos horários.

E aqui em Fortaleza, faz-se algo nesse sentido?

(foto DN - Kid Júnior)

terça-feira, 13 de maio de 2008

Livros

A Câmara Municipal de Oeiras, Portugal, que corresponde à nossa Prefeitura, designou uma Comissão Científica para escolher Os dez livros que mudaram o mundo, ao mesmo tempo que convidou conferencistas de renome para falarem sobre as obras escolhidas.

Os dez, acabaram sendo onze. A editora portuguesa Quasi publicou um volume com o teor das conferências.

A seguir, a relação dos livros indicados:
1- Breve História do Tempo. Stephen Hawking
2- O Príncipe. Nicolau Maquiavel
3- A interpretação dos Sonhos. Sigmund Freud
4- Manifesto do Partido Comunista. Karl Marx
5- Odisseia. Homero
6- A Origem das Espécies. Charles Darwin
7- A República. Platão
8- A Riqueza das Nações. Adam Smith
9- O Erro de Descartes. Antonio Damasio
10- Bíblia e Alcorão

Marx definiu a religião como o ópio do povo. Não obstante, na China comunista as religiões só têm crescido. Florescem, apesar do controle e opressão do Governo. As estatísticas revelam que mais de 300 milhões de pessoas, acima de 16 anos, se definem como religiosas. As principais religiões são o budismo, o taoismo, o cristianismo e o islamismo.

Em relação aos católicos, há uma igreja oficial, controlada pelo Governo, independente do Papa, e a outra, vinculada à Roma, que atua clandestinamente. O cristianismo é a religião que mais tem aumentado. E os católicos, somados os dois ramos, perfazem 10 milhões de fiéis.

Donglu, uma pequena cidade de 12.000 habitantes, à 140 km de Pequim, é conhecida como a cidade mais católica da China. Estima-se que mais de 8.000 de seus habitantes sejam católicos. Ali, desde 1900, ocorrem visões de Nossa Senhora.

Saiba mais em O Globo, edição de 11/05/08.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Ortografia

O Ministério da Educação acaba de publicar resolução na qual exige que os livros didáticos, a serem adquiridos para as escolas públicas, estejam de acordo com as novas normas ortográficas da Língua Portuguesa.

O mesmo documento também autoriza as editoras a fazerem as alterações no ano que vem. A decisão se baseia no Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em dezembro de 1990.

O acordo já foi ratificado pelo Brasil e outros três países de língua portuguesa. Espera-se que o parlamento português também o faça, no próximo dia 15.

A matéria, em Portugal, tem suscitado intenso debate. Intelectuais e editores insurgem-se contra o mesmo. Recentemente, manifesto contrário à medida, contendo mais de 17 mil assinaturas, foi encaminhado à Assembléia da República.

Há motivações de natureza econômica, invocadas pelos editores portugueses, que se queixam do custo do ajuste que terão que fazer em suas publicações, ao tempo que temem perder para o Brasil, o mercado de livros didáticos nos países lusófonos. De outra parte, lingüistas e escritores insurgem-se contra o que consideram uma investida para homogeneizar a língua, na verdade feita pelo povo no seu cotidiano.

De fato, as mudanças são poucas, e como o nome indica, restritas à ortografia. No Brasil, o acordo deve vigorar a partir de janeiro de 2009. A Associação Brasileira de Editores de Livros (Abrelivros), por intermédio de seu Presidente, Jorge Arinos, considerou a decisão do Ministério da Educação precipitada.

Saiba mais em O Estado de S. Paulo, edição de 09/05/08.

Premonição

Há pouco mais de dois anos, um político cearense falava de influência doméstica no Governo do Estado...

Seria pressentimento do que viria acontecer?

Os 7 pecados

Em seu livro, Em Brasília, 19 horas, lançado recentemente, o jornalista Eugênio Bucci lista o que considera os 7 pecados capitais do discurso autoritário.

São eles:
1-O esquecimento proposital
2-O coletivo compulsório
3-A futrica instrumental
4-A apologia do aparelhismo
5-O ódio à imprensa
6-A arrogância sem substância
7-Condenar a priori

Saiba mais em O Globo, edição de 05/04/08.