Duzentos anos da transferência da Corte para o BrasilQuando Portugal foi invadido pelas tropas de Napoleão, e o General Junot já estava às portas de Lisboa; a Corte, à frente o Princípe Regente D. João VI, embarca para o Brasil levando grande bagagem, inclusive os livros da Biblioteca Real.
Estimam alguns que teria se feito acompanhar de cerca de dez mil pessoas. A idéia de se transferir a sede do reino para o Brasil não era nova, mas a operação parece ter sido muito tumultuada, dada também a limitação de meios da época. Retirada e travessia contaram com a proteção da Inglaterra, então em g

uerra com os franceses.
A chegada ao Brasil se deu por Salvador, onde D. João VI assina, de logo, ato que autoriza a abertura dos portos brasileiros, antes restrita à Portugal, medida reivindicada pelos ingleses.
O impacto da instalação da Corte no Rio de Janeiro logo se fez notar. A cidade acanhada experimentou um surto de desenvolvimento. Com efeito, uma série de medidas adotadas mudaram a vida da Colônia e plantaram a semente da Independência.
Entre outras, vale destacar a fundação do primeiro Curso de Medicina, na Bahia; a Imprensa Régia, o Jardim Botânico, a Biblioteca Nacional, o Banco do Brasil. Quando o Rei voltou à Lisboa, o Brasil era outro, bem diferente do que encontrou. A Independência não tardaria a chegar.
Muitos bons livros estão lançados e belas exposições organizadas sobre o episódio e seus desdobramentos. Naturalmente, a figura polêmica do Rei tem sido alvo desses estudos. Há os que o consideram apenas um parvo, um fujão que Napoleão pôs a correr, um glutão que andava com pernas de frango nos bolsos.
Contribuiu para essa imagem o filme
Carlota Joaquina, da Carla Camuratti. Outros enxergam nele o perfil de um estadista esperto, o estrategista que enganou Napoleão e fez florescer o Brasil.
O momento é oportuno para os estudiosos isentos colocarem-no em seu verdadeiro lugar.