quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Pranto

Tomei conhecimento em Lisboa, onde me encontro, do falecimento do Luiz Esteves Neto. Perdemos um homem de bem. Tive o privilégio de ter sido seu amigo e convivido de perto com ele.

Sempre admirei seu temperamento ponderado, sua cordialidade, sua liderança natural e sua afabilidade. Dele guardo agradáveis recordações de conversas mantidas na sua Tiprogresso, ao pé de sua mesa de trabalho, que, como sabem seus interlocutores, era um primor de organização...

Sei que quando chegar ao céu, e São Pedro indagar ao abrir-lhe a porta: Como vão as coisas lá embaixo? Ouvirá dele o refrão de sempre, estão boas e vão melhorar mais.

Ele era assim, um eterno otimista, um lutador que nunca esmoreceu. Nem diante da doença e do prolongado sofrimento.

Meus pêsames à dona Ileana, família e colaboradores.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Datas II

Duzentos anos da transferência da Corte para o Brasil

Quando Portugal foi invadido pelas tropas de Napoleão, e o General Junot já estava às portas de Lisboa; a Corte, à frente o Princípe Regente D. João VI, embarca para o Brasil levando grande bagagem, inclusive os livros da Biblioteca Real.

Estimam alguns que teria se feito acompanhar de cerca de dez mil pessoas. A idéia de se transferir a sede do reino para o Brasil não era nova, mas a operação parece ter sido muito tumultuada, dada também a limitação de meios da época. Retirada e travessia contaram com a proteção da Inglaterra, então em guerra com os franceses.

A chegada ao Brasil se deu por Salvador, onde D. João VI assina, de logo, ato que autoriza a abertura dos portos brasileiros, antes restrita à Portugal, medida reivindicada pelos ingleses.

O impacto da instalação da Corte no Rio de Janeiro logo se fez notar. A cidade acanhada experimentou um surto de desenvolvimento. Com efeito, uma série de medidas adotadas mudaram a vida da Colônia e plantaram a semente da Independência.

Entre outras, vale destacar a fundação do primeiro Curso de Medicina, na Bahia; a Imprensa Régia, o Jardim Botânico, a Biblioteca Nacional, o Banco do Brasil. Quando o Rei voltou à Lisboa, o Brasil era outro, bem diferente do que encontrou. A Independência não tardaria a chegar.

Muitos bons livros estão lançados e belas exposições organizadas sobre o episódio e seus desdobramentos. Naturalmente, a figura polêmica do Rei tem sido alvo desses estudos. Há os que o consideram apenas um parvo, um fujão que Napoleão pôs a correr, um glutão que andava com pernas de frango nos bolsos.

Contribuiu para essa imagem o filme Carlota Joaquina, da Carla Camuratti. Outros enxergam nele o perfil de um estadista esperto, o estrategista que enganou Napoleão e fez florescer o Brasil.

O momento é oportuno para os estudiosos isentos colocarem-no em seu verdadeiro lugar.

Datas

O ano de 2008 registra três datas importantes para a história de Portugal e do Brasil. Tem sido, inclusive, motivo de notícias na imprensa, publicação de livros, debates acadêmicos e eventos para marcá-las, nos dois países. São elas: Centenário do Regícidio, Duzentos anos da transferência da Corte para o Brasil, Quatrocentos anos do nascimento do Padre Antonio Vieira.

Centenário do Regicídio

No dia primeiro de fevereiro completam-se cem anos do assassinato do Rei de Portugal, D. Carlos, e seu filho, o Príncipe Luis Felipe. O fato ocorreu em Lisboa, no Terreiro do Paço, quando a família real regressava de Vila Viçosa e se deslocava em uma carruagem aberta. O Rei tentava impulsionar reformas no País governado pelo Primeiro-Ministro, João Franco, por decretos, uma vez que o Parlamento havia sido dissolvido.

Havia muita insatisfação e a Coroa estava enfraquecida política e financeiramente. Assumiu o trono o segundo filho, D. Manuel II, que reinou durante pouco tempo e foi o último rei de Portugal.

Em 1910, foi deposto e proclamada a República. Seguiu-se um período de instabilidade política e econômica, que veio a desaguar na ditadura de Oliveira Salazar.

Hoje, há um pequeno Partido Monárquico, mas não se pensa nisso, a não ser como referência histórica. No dia 1º de fevereiro, às 17 horas, no local onde se deu a tragédia, atual Praça do Comércio, haverá uma solenidade para recordar o fato.