
José Saramago, escritor português, Prêmio Nobel de Literatura, rendeu-se à internet há algum tempo, constituíndo um blog onde publica textos, com a contundência que lhe é peculiar, nos quais não faltam juízos severos sobre importantes figuras do mundo político.
O escritor que definiu a internet como
uma página infinita, reuniu em livro uma seleção de textos postados entre setembro de 2008 e março de 2009, intitulado
O Caderno, publicado pela editora
Companhia das Letras.
Como eu, sucumbiu a tentação do papel ao transformar escritos do blog em livro, para conciliar a natureza ágil e efêmera da internet com a longevidade que o papel assegura.
O título inspira-se no caderno que recebeu dos cunhados, quando se mudou para a ilha de Lanzarote, nas Canárias, no qual deveria registrar seus dias.
Ainda que não tenha escrito uma só linha nele, o presente levou-o a denominar de
Cadernos de Lanzarote, um de seus livros, e depois chamar o
blog de caderno.
Atraído pela instantaneidade da internet, que segundo ele é resultado da
obsessão moderna pela rapidez, reconhece no meio uma forma diferente de comunicar-se que não exclui o livro, antes o complementa.
A internet não estimula nem atrapalha. São dois campos diferentes, disse.
Na Itália, a editora
Einaudi, propriedade do primeiro-ministro Sílvio Berlusconi, recusou publicar a obra, face dura crítica feita àquele político. Nem por isso os italianos ficarão sem acesso ao livro. 36 editoras já se ofereceram para editá-lo.
De qualquer forma, Saramago experimenta, mais uma vez, o travo da censura. Antes, seu
Evangelho Segundo Jesus Cristo havia sido censurado pelo governo de Portugal.
É inevitável concluir que a internet foi um grande passo dado em favor da liberdade de expressão.
Saiba mais nos jornais
O Estado de S. Paulo, O Globo e Folha de S. Paulo, edições de 25/07, 26/07 e 03/08 de 2009.