quinta-feira, 8 de maio de 2008

Placas

Quando o comandante do CIOPAER, no início do atual Governo do Ceará, num ato de vandalismo retirou a placa que assinalava a inauguração de suas novas instalações, o Secretário de Segurança, numa atitude digna, determinou sua reposição.

Quando se efetivou a aquisição e posse, pelo Estado, do antigo quartel do CPOR, foi ali afixada placa de bronze que assinalava o fato e indicava sua destinação futura. A aposição deu-se por ocasião de singela solenidade.

Feita a reforma do prédio e procedida a inauguração recente das novas dependências, notou-se a falta da placa. Pelo menos no local onde fora aposta.

O zeloso Secretário de Segurança poderia esclarecer o episódio.

Imprensa e Estado II

Parlamentares da oposição e a imprensa, de uma maneira geral, criticaram a idéia da criação da TV Brasil pelo Governo Federal.

O temor era que a nova televisão fosse mais uma máquina de propaganda do Governo, além dos custos com uma atividade suprida satisfatoriamente pela iniciativa privada. Assim, segundo eles, não se justificaria a medida.

Dois fatos ocorridos vieram dar alguma razão aos críticos:

1- O jornalista Eugênio Bucci acaba de publicar o livro Em Brasília, 19 horas. Ele presidiu a Radiobras, no Governo Lula. É professor universitário, respeitado teórico da comunicação, tem livros publicados. É militante do Partido dos Trabalhadores (PT). Foi responsável pela parte de comunicação do programa de governo do candidato Lula e primeiro editor da revista Teoria e Debate, editada pelo PT de São Paulo. Não lhe faltam credenciais profissionais e partidárias, portanto.

Não obstante, menciona no livro as pressões e críticas que recebeu de ministros e outros membros do Governo sobre a programação da Radiobras, por eles considerada de "oposição", contrária aos interesses do Governo.

Revela, assim, as dificuldades que enfrentou na busca de garantir que o noticiário da emissora, financiada pelo Tesouro Nacional, isto é, pelo povo brasileiro, fosse isento e transparente. Entende ele que informação é um direito tão fundamental quanto a educação, a saúde ou a moradia.

2-O jornalista Luiz Lobo, demitido da TV Brasil, acusou o Palácio do Planalto de interferir na programação da emissora. Segundo ele, a direção da TV teria proibido o uso do termo dossiê, que seria substituído pela expressão levantamento sobre o uso dos cartões. Ele acusou Jaqueline Paiva, coordenadora de telejornais da TV Brasil, de editar textos conforme interesses políticos do Governo. Ela, por sua vez, justifica a demissão por impontualidade e recusa em assinar contrato de trabalho.

Luis Carlos Belluzzo, Presidente do Conselho Curador, integrado por várias personalidades, decidiu instalar comissão para ouvir as partes e investigar o assunto. Age em defesa do caráter público, que deve orientar o funcionamento da empresa.

Os dois episódios ilustram a dificuldade que existe para que um órgão de imprensa estatal seja isento e imune às pressões do Governo, para colocá-lo ao seu serviço. O problema só pode ser minorado dando-se a ele independência, liberdade de ação e acompanhamento, mediante instâncias administrativas de controle social. A BBC, emissora inglesa, é o melhor exemplo disso. Nem assim está imune a críticas.

Por isso, quando o Governador do Estado do Ceará propôs, e a Assembléia Legislativa cearense aprovou, a transferência da TV Ceará, da órbita da Secretaria de Cultura (Secult) para a Casa Civil, pasta eminentemente política, alertei sobre os riscos de distorção funcional que estávamos correndo.

Sugeri a criação de um Conselho Curador, capaz de acompanhar a programação da emissora, zelando pela sua natureza pública e servindo como canal de comunicação com a sociedade. Infelizmente, o cuidado que houve na criação da TV Brasil não se reproduziu aqui.

A TV Ceará é uma TV pública ou uma TV do Governo? Respondo à pergunta com outras duas:

Algum crítico do Governo, parlamentar ou não, já foi convidado a participar de um de seus programas de maior duração, para expor seu ponto de vista?

As polêmicas viagens do Governador cearense em jatinhos fretados, que ocupam largo espaço na mídia local e nacional, foram, alguma vez, sequer mencionadas nos seus noticiários?

A conclusão é sua!

Saiba mais em O Globo, edições de 5, 8 e 18 de abril, e em O Estado de S. Paulo, edições de 8 e 9 de abril.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Decisão

Durante meses recentes, considerei a hipótese de uma candidatura à Prefeitura de Fortaleza nas eleições deste ano.

Animava-me o desejo de servir, próprio dos homens de vocação pública e em idade produtiva. Mais ainda pela expectativa que vi se formar em torno do meu nome.

Eram pessoas comuns que me paravam nas ruas, para pedir que me colocasse à disposição da cidade. Percebia, nessas pessoas, um sentimento de insatisfação com os rumos que a nossa Capital tem tomado, e preocupação com os desafios postos diante de nós. Sou grato a quantos me manifestaram sua confiança.

Hoje, posso dizer que já tenho uma decisão clara sobre o assunto.

Observo que há lideranças emergentes, gente que ainda não teve, como já tive, oportunidade de administrar a Capital, que almeja receber a confiança do povo e a honra de merecê-la.

Estou a serviço da causa pública e do desenvolvimento do Ceará há muitos anos. E a este compromisso pretendo ser fiel pelo tempo que Deus me permitir viver.

No momento, porém, venceram-me outras motivações de naturezas diversas, pessoais e profissionais.

Há tempo de agir. Para mim, este é um tempo de esperar.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Imprensa e Estado I

No Brasil, a imprensa é filha do Estado. Nasceu com os prelos ingleses que chegaram aqui com a mudança de D. João VI, que se transferia para o Brasil acossado por Napoleão. Por decreto de 13 de maio de 1808, foi criada a Impressão Régia, editora encarregada de publicar obras de literatura, ciência e outras de interesse da administração.

Iniciativas anteriores de implantação de tipografias na colônia foram reprimidas pela coroa. Dos prelos régios, saiu também o primeiro periódico impresso no Brasil: a Gazeta do Rio de Janeiro. O jornal, sob a tutela da Secretaria dos Negócios Estrangeiros e da Guerra, publicava atos referentes aos assuntos da pasta, avisos, anúncios, notas fúnebres, aniversários, notícias de interesse da família real. Tratava-se de uma espécie de Diário Oficial, aberto às publicações estranhas aos assuntos administrativos.

Muitos anos depois viriam outros jornais oficiais, pertencentes aos governos de diferentes níveis. Quem lembra da Noite, no Rio de Janeiro, sediado em imponente edíficio na Praça Mauá, órgão do Governo Federal?

Não seria diferente com o surgimento do rádio. Basta falar na Rádio Nacional, que durante anos liderou audiência Brasil afora. Os estados, na medida do possível, seguiram os passos da União, instalando jornais e rádios sob seu controle. Até pouco tempo, o Governo da Paraíba ainda dispunha de um jornal de circulação diária, chamado União.

Com o advento da televisão não foi diferente. Copiando o modelo europeu, onde os países costumam ter emissoras estatais, o Governo Federal e muitos governos estaduais implantaram estações de televisão, algumas com propósitos educativos, inspiradas na proposta do ensino à distância, como forma de impulsionar a instrução pública.

O avanço do Estado no campo da comunicação, deu-se amparado em diferentes motivações. Invocava-se a necessidade de suprir lacunas da iniciativa privada e preservar a unidade nacional, levando notícias a regiões remotas; oferecer programação cultural de qualidade, não atendida pela mídia privada, demasiadamente comprometida com as exigências do mercado; expandir oferta de ensino utilizando o potencial da comunicação para a educação pelo rádio e a televisão. Um outro objetivo, pouco mencionado, ou dissimulado, era o de promover a propaganda e a defesa do Governo face uma imprensa livre, às vezes francamente hostil.

A onda liberal que assolou o mundo nos últimos anos, pregava a redução do tamanho do Estado e a necessidade deste se desfazer de ativos onerosos ou estranhos às suas funções clássicas. Foi o período das privatizações, da venda de bens públicos, da adequação do Estado ao novo modelo preconizado por economistas e instituições financeiras multilaterais internacionais.

A decisão do Governo Federal de criar a TV Brasil vai na contramão dessa tendência. Fundada com o objetivo de atender aos interesses nacionais, relegados pela imprensa privada, depara-se com o desafio de ser pública. E não governamental.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Reflexão


Este ano assinala 400 anos de nascimento do Padre Antônio Vieira. Jesuíta português que foi missionário, diplomata, profeta, pregador e homem de Estado.

No Brasil, viveu largo tempo na Bahia e no Maranhão, tendo chegado em missão até a Ibiapaba, no Ceará.

Deixou belíssimas peças vazadas em estilo único, tendo sua obra levado o poeta Fernando Pessoa a denominá-lo Imperador da Língua Portuguesa.

E, para homenageá-lo, refletindo sobre a real dimensão do homem, reproduzo sermão que proferiu na igreja de Santo Antônio, em Roma, em uma quarta-feira de cinzas:

Ora suposto que já fomos pó e não pode deixar de ser, pois Deus o disse; perguntar-me-eis, e com muita razão, em que nos distinguimos uns dos outros? Distinguimo-nos os vivos dos mortos, assim como se distingue o pó do pó. Os vivos são pó levantado, os mortos são pó caído; os vivos são pó que anda, os mortos são pó que jaz; hic jacet. Estão essa praças no verão cobertas de pó: dá um pé de vento; levanta-se o pó no ar, e que faz? O que fazem os vivos, e muitos vivos. Não aquieta o pó, nem pode estar quedo: anda, corre, voa: entra por esta rua, sai por aquela: já torna adiante, já torna atrás, tudo cobre, tudo envolve, tudo perturba, tudo toma, tudo cega, tudo penetra, em tudo e por tudo se mete, sem aquietar, sem socegar um momento: enquanto o vento dura. Acalmou o vento, cai o pó, e o vento parou, ali fica: ou dentro de casa, ou na rua, ou em cima de um telhado, ou no mar, ou no rio, ou no monte, ou na campanha. Não é assim? Assim é. E que pó, e que vento é este? O pó fomos nós: Quia pulvia es: o vento é a nossa vida: Quia ventus est vita mea. Deu o vento, levantou-se o pó; parou o vento, caiu. Deu o vento, eis o pó levantado: estes são os vivos. Parou o vento, eis o pó caído; estes são os mortos. Os vivos pó, os mortos pó: os vivos pó levantado, os mortos pó caído; os vivos pó com vento e por isso vães: os mortos pó sem vento, e por isso sem vaidade.

Grau de investimento

A agência de classificação de risco Standard & Poor's, concedeu ao Brasil o aguardado grau de investimento.

Outras agências ainda não alteraram a nota do País. A classificação é importante, pois a agência passa a considerar o País porto seguro para investimentos.

Espera-se um aumento de investimentos estrangeiros, queda dos juros e aumento do Produto Interno Bruto (PIB).

A conquista não é definitiva. Analistas e investidores cobram a continuação das reformas econômicas e mais qualidade nos gastos governamentais.

Demos mais um passo na busca da maioridade de nossa economia.

Novela

Exames de DNA comprovaram serem dos príncipes Alexei e Maria Romanov, as ossadas achadas em Yekaterimburgo, na Rússia.

O Czar Nicolau II e a Czarina Alexandra, além dos cinco filhos, foram executados em 1918, por ocasião da tomada do poder pelos comunistas.

Sempre se especulou que um dos príncipes teria sobrevivido. Alexei e Maria eram os dois únicos ainda não identificados.

Os resultados põem termo à novela sobre o destino dos Romanov.

Saiba mais em O Globo, edição de 01/05/2008.

Eleições

Calma pessoal, foi na Grã-Bretanha.

Os trabalhistas foram esmagados nas eleições locais na Inglaterra e País de Gales. Tiveram o pior resultado em 40 anos. Amargaram o terceiro lugar em percentual de votos. Os conservadores obtiveram 44%, os liberais democratas 25% e os trabalhistas 24%.

O Partido Trabalhista comanda a política inglesa desde 1997, mas os últimos resultados eleitorais podem estar anunciando o fim de um ciclo de poder. Os conservadores também venceram em Londres, governada pelo trabalhista Ken Livingstone, desde 2000, quando os londrinos adquiriram o direito de eleger seu prefeito.

Boris Johnson, o vencedor, é um fenômeno de mídia. Jornalista, é mais conhecido pelas gafes que comete, pela postura provocadora e carisma na televisão. É um político conservador, de pouca tradição.

Saiba mais em O Globo, edição de 03/05/08.

De volta

Após quatro dias aproveitando o feriado em Guaramiranga, estou de volta.

Como não tenho internet no sítio, fiquei impossibilitado de fazer postagens.

Espero que tenham tido um bom fim de semana.

A frase do dia

Saber é ciência; julgar que se sabe é ignorância.

Hipócrates