sexta-feira, 10 de março de 2017
quarta-feira, 8 de março de 2017
É evidente que no jogo
político é visto como natural um partido da oposição dificultar a vida a um
partido no poder. É igualmente evidente que esta prática reiterada parece
legitimar quem, tendo estado no poder, faz agora o que lhe fizeram no passado.
A coerência das ideias não é vista como uma virtude, é mais valorizada a
coerência na ação, dependendo do lugar em que os políticos se encontram em cada
momento. Presos à maquiavélica ideia de que "os fins justificam os
meios", na política caseira vale tudo.É legítimo que o PSD de Pedro Passos Coelho vote contra a
descida da TSU para os patrões, que sustenta o acordo de concertação social
para a subida do salário mínimo? Sim, mas não escapa à comparação com o passado
recente, em que defendeu a descida desta taxa nas empresas. Pode o PS esperar
que o PSD esteja sempre disponível para lhe dar a mão, quando falham os seus
parceiros de esquerda? Não, mas não é nestas matérias que o PSD fará perigar a
geringonça.Os social-democratas alegam que a descida da TSU que colocaram
em anterior concertação social tinha outros pressupostos no valor da subida do
salário mínimo, mas o que querem votar ao lado da esquerda é o mérito de
reduzir a TSU às empresas. Sendo evidente, por isso, que a intenção de Passos
Coelho é apenas afirmar a sua liderança e não discutir as virtudes do acordo de
concertação social, o líder do PSD menoriza-se quando pretende agigantar-se.
Não é no interior dos partidos que os líderes primeiro encontram o isolamento,
ele começa fora. Passos terá medido as consequências de ter contra si as
confederações patronais e a UGT? Não me parece!A pequena política, a que hipoteca convicções, procurando
ganhos conjunturais, não assegura grandes futuros. Pedro Passos Coelho ainda
tem escapatória. Demonstrada a fragilidade política da coligação que o PS fez
com os seus "amigos da esquerda", o PSD não pode trocar de lugar com
os socialistas nessa coligação. Precisa de viabilizar a descida da TSU, pela
abstenção que seja, para ganhar espaço para outros combates. O sistema
financeiro que continua por resolver e a dívida portuguesa que começa a
regressar a juros proibitivos exigem uma oposição mais eficaz no escrutínio às
políticas econômicas do governo. A política tem muitos caminhos, mas alguns não
levam a lado nenhum.
Fonte: Dário de Notícias - Domingo, 15 de janeiro de 2017.
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