Cartas constituiram sempre um importante meio de comunicação entre as pessoas. A partir delas é possível perceber relações humanas, quanto à sua intensidade e qualidade, entender episódios e atitudes que se explicam nas correspondências.
Sua natureza reservada enseja a revelação de fatos e sentimentos que normalmente não viriam à luz mas explicam vidas e trajetórias pessoais.
Por isso são inúmeras as obras publicadas com base nas correspondências de escritores e políticos com o objetivo de contribuir para um melhor conhecimento desses personagens e compreensão do ambiente em que atuaram.
Tornaram-se famosas cartas de amor e despedidas de suicidas.
O gênero epistolar saiu de moda. Já não se escrevem cartas. Tudo que chega nas caixas dos correios são extratos bancários, cobranças, propaganda comercial, convites, uma papelada burocrática ou inútil.
A comunicação se faz agora pelas asas velozes da internet. O nome da carta é email. O papel foi substitutido pela tela brilhante do computador. O resgate das mensagens está agora na órbita dos bisbilhoteiros divulgadas segundo sua conveniência.
O wikileaks é a expressão máxima desse voyeurismo virtual.
O imediatismo do email não tem compromisso com a posteridade. O estilo telegráfico inova a linguagem, introduz palavras e uma nova ortografia. Anuncia a morte lenta da escrita cursiva.
Nesse clima de decadência do missivismo há os que ainda exploram o gênero para interpretar emoções e confidências reservadas aos destinatários.
É o caso da revista Correspondências - o gênero epistolar, edições Colibri, cujo número 1 data de 1998. No texto de abertura afirma-se que " carta instala-se na fronteira instável entre o que é e o que não é literatura, se é que alguma vez se poderá chegar a uma conclusão segura sobre o assunto".
A pergunta talvez não encontre resposta mas o conteúdo das cartas é um campo fértil para o estudo dos autores e suas obras.
sábado, 28 de abril de 2012
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