Alcântaras

Mercearia "A Bené", Alcântaras - CE. Setembro/2003. Foto: Daniel Roman

Leio no Diário do Nordeste, edições de 30/10/09 e 04/11/09, que a igreja de Alcântaras está sendo demolida, tendo o fato despertado reação da comunidade. (Foto: Wilson Gomes)

A providência estaria ligada a razões de segurança, sob o argumento de que a estrutura do templo fora abalada por tremores de terra.

Ao ler a notícia lembrei-me da visita que fiz à cidade em companhia de minha mulher e irmãs, em fins de 2006, quando tive ocasião de assistir uma missa celebrada em casa de D.Teresinha.

Na oportunidade percorri a cidade, tendo entrado na igreja, que já conhecia, onde também fiz minhas preces.

Minha família é originária daquela localidade, de onde saiu o Capitão José Procópio de Alcântara, meu bisavô, para junto com Neco Martins fundarem Anacetaba, hoje São Gonçalo do Amarante.

Mas foi para um amigo, colega e grande poeta, já falecido, Caetano Ximenes de Aragão, para quem voltei minha lembrança quando li a notícia nos jornais. Penso se trate da mesma igreja onde paroquiou o padre José Furtado evocado nas memórias poéticas do autor.

É dele o poema :

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Alcântaras

Al

Canto
Canta
Cantarás
Meu umbigo
No teu corpo
Enterrado
Raízes rezas
Ladainhas Litanias
Ainda permaneço
No canto das paredes
E
Dos pássaros
Nos encantos das veredas
E
Dos telhados
Na solidão do menino
E

Das pedras
Nas Ressonâncias do vento
E
Do sino
Exilado de mim
Dentro de ti
Ainda permaneço.

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Será que a igreja não poderia mesmo ter sido preservada? Espanta-me certo furor reformista com que alguns padres não param de mexer nos templos demolindo memórias e afetos.