Inferno é a expressão usada pela Biblioteca Nacional da França, desde o Século XIX, para designar o espaço reservado a "obras ilegais, imorais, eróticas e de caráter sórdido, ofensivo, repugnante ou ultrajante". A denominação tem sido utilizada por outras bibliotecas, inclusive a nossa Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.
É desse inferno que foram retiradas as obras exibidas na exposição Obras Raras e Homoerotismo - Tesouros Bibliográficos Sobre o Prazer Entre Iguais. Todas elas recolhidas ao inferno, onde ficaram protegidas da censura e da destruição, por motivações políticas ou morais.
Escondidas por bibliotecários diligentes, em diferentes seções da Biblioteca, são, às vezes, de difícil localização. O Bom Crioulo, do cearense Adolfo Caminha, é uma dessas. O livro, primeira edição (1895), consta do acervo, mas não é localizado.
Entre outros livros, salvos no inferno, estão: Leituras de Alcova (circulou no Rio de Janeiro, no início do século 20), Mein Kampf, de Adolf Hitler, O Menino do Gouveia, considerado o primeiro conto homoerótico brasileiro, e o Método Para Aprender a Desenhar, do francês Charles Antoine Jombert, do século 18.
Há, também, na exposição, livros usados para censurar, como Tratado da Educação Física dos Meninos Para Uso da Nação Portuguesa, de 1790, e Tratado da Educação Físico-Moral dos Meninos, publicado em Pernambuco, no ano de 1828.
A mostra revela como funcionários diligentes e astutos podem contribuir para salvaguardar a cultura e história de um povo, na contramão de normas vigentes editadas ao sabor de circunstâncias e revogadas pelo tempo.
Saiba mais no suplemento Idéias, do Jornal do Brasil, edição de 19/07/08 e n'O Estado de S. Paulo, edição de 01/08/08.
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